sexta-feira, 21 de setembro de 2012

O FINAL: Sempre Que Te Vejo - Capítulo X, O desabrochar da Flor

RECORDE CAPÍTULO IX

Capítulo X – O desabrochar da Flor

O calor desta manhã era intenso. José acabara de acordar, e já transpirava. Tomou um banho, Sempre Que Te Vejo - FINALe foi-se arranjar. A viagem ia ser longa. Os termómetros já disparavam pela manhã, já há muito tempo que não havia um mês de Junho tão quente como este.

- As chaves do carro, a carteira, o maço dos cigarros, o telemóvel… acho que não me esqueci de nada. – dizia José em voz alta para si próprio.

 

José entrou no seu carro e partiu. A sua família esperava-o lá na freguesia de onde era natural. A viagem foi longa, José demorou cerca de quatro horas até chegar ao destino.

- Mãe, então como está?

- Estou bem. E tu filho?

- Ótimo. Tirando este calor. Quando saí de Lisboa já marcava trinta graus no termómetro. A viagem foi bem cansativa.

- E o teu emprego? Como está a correr?

- Graças a Deus, está a correr tudo muito bem. Tive muita sorte, mal acabei os três anos de curso, entrei logo depois de finalizar o estágio… e ainda… já fui promovido!

- Mas isso é maravilhoso filho! – disse a mãe toda orgulhosa.

- Eu sei. E o pai, onde está?

- Saiu. Ainda não chegou. O almoço ainda não está pronto, está um pouco atrasado. Chegas-te mais cedo do que o esperado!

- Não faz mal. Então, vou dar um passeio até ao centro.

- Mas despacha-te. Daqui a nada o teu pai chega.

- Ok mãe, até já.

José foi até ao centro da sua freguesia dar um passeio. À cinco anos que José saíra dali para estudar marketing em Lisboa e tudo permanecia igual. José sentou-se num dos bancos que se encontravam lá na praça. Ficou ali a admirar e a recordar a sua infância. Seria recordação, ou mesmo realidade? Júlia estava presente nos seus olhos, mas ele demorou até perceber que não era uma ilusão. Ela estava mesmo ali.

- José? Estás bem? – perguntou Júlia.

- Júlia? Não acredito! És mesmo tu? Estás… grande. – disse ele.

- Olha quem fala. O senhor que agora só veste fatos e sapatinhos polidos. – disse ela sorridente.

- E tu?! Ah?! Que eu saiba também não te deste nada mal. Responsável pelo projeto da construção do grande centro comercial aqui da zona, o maior do Norte.

- Como sabes?

- Não te esqueças que já apareces nos jornais mais conhecidos do país.

- Tu lês-te o artigo? Sim, foi há cerca de um mês quando se oficializou a construção do centro comercial. Mas estamos aqui a falar e nem um abraço me dás? Que amigo…

- Não sei se me apetece. – disse ele com ar manhoso. – Anda cá amiga!

José agarrou Júlia e envolveu-a num grande abraço. De repente voltou a sentir um grande impulso. Despertara novamente. Aquele sentimento que tanto mexeu com ele à uns anos voltara.

- Júlia preciso que saibas uma coisa. Apesar da nossa amizade, há uma coisa que nunca consegui falar contigo, um segredo que nunca te revelei.

- O que é? – questionou ela.

- A vida deu muitas voltas. Nunca imaginaria que hoje fossemos pessoas realizadas assim. Pelo menos tu, deves ser. Eu não. Só me conseguirei tornar uma quando for capaz de te falar aquilo que me sufocou durante tantos anos em que estivemos juntos. Olha para mim.

José levou a mão ao queixo de Júlia, e num gesto de carinho passou-lhe a mão no rosto. Ficaram a olhar-se por uns instantes.

- Júlia, desde sempre que senti algo por ti. Demorei anos para descobrir o que era, mas demorei ainda mais anos para ganhar coragem e abrir-me para ti. Desde sempre que sentia em mim uma chama que ardia no meu peito sempre quando estava contigo, os ciúmes e inveja quando não estava. O que eu sinto por ti é mais do que um amor de amigos, é paixão, é desejo, é um carinho especial que não consigo expressar em palavras.

Por momentos ficaram novamente ali parados a olharem-se, até que José fechou os olhos e beijou Júlia. Foi intenso, apaixonado e romântico.

- José? – disse ela quando ele a largou. – O que estás a fazer?

Ele não respondeu. Ao invés disso, voltou a beijá-la. Desta vez ela retribuiu o beijo.

- Júlia. Perdoa-me. Não sei o que estava a fazer. Desculpa.

- Não precisas de pedir desculpa. Eu também sempre senti que havia alguma coisa mais entre nós. Mas ao contrário de ti só agora é que descobri. Por favor fica comigo.

- Estás a dizer… que me amas?

- Sim José. Tu acabas-te de despertar este amor. A coragem que tiveste para te revelares foi o golpe que faltava para o meu coração se abrir de verdade. Amo-te. – proferidas as palavras ela beijou-o.

- Fica comigo Júlia.

- Sempre.

Um ano depois do reencontro, Júlia e José casaram-se. Júlia montou um escritório de engenharia civil em Lisboa, para ficar perto de José assim que terminou a construção do centro comercial.

Eles estavam felizes. Pela primeira vez na vida sentiam-se realizados. Sempre juntos, quem sabe talvez já de outras vidas passadas. Um amor que nasceu fruto de uma grande amizade. Muitas vezes, o amor surge mesmo ao nosso lado e nem dá-mos conta. São sempre tão importantes coisas que sem sentido que ficamos cegos para aquilo que realmente importa.

O amor não é fruto de um primeiro olhar, não aparece com um gesto mágico. Constrói-se, e é nessa construção em que envolvemos uma grande quantidade de sentimentos que surge o amor. Quando todos esses sentimentos se envolvem num só, nasce o amor fruto da lealdade, amizade, do desejo, da paixão e sobretudo do respeito.

 

FIM

 

BREVEMENTE, A OBRA COMPLETA!

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