sábado, 15 de setembro de 2012

Sempre Que Te Vejo – Capítulo IX “O Baile de Finalistas”

Releia: Capítulo VIII - As Descobertas, o último ano

Capítulo IX – O Baile de FinalistasCOVER_thumb3

As raparigas cochichavam sobre os vestidos, os sapatos e os penteados. A noite com que tanto sonhavam. Os rapazes preocupavam-se em não se esquecer de comprar o fato certo para condizer com o seu par. O baile de finalistas é um dos momentos mais importantes da vida de qualquer estudante.

Júlia encontrava-se no centro do quarto. Na sua cama, estava estendido o seu vestido, com os sapatos ao lado. José apertava os últimos botões da camisa cor-de-rosa, e dava o nó na sua gravata cinza a combinar com o fato, e de seguida passou a escola de novo no cabelo, e calçou os sapatos.

- Pai? Estou pronto. Podemos ir. – disse José.

- Então vamos filho.

- Não te esqueças de passar por lá. – disse José.

- Eu sei. Não te preocupes.

O pai de José parou o carro junto à casa de Júlia. Apertou a buzina, e passado uns instantes a porta de casa dela abriu-se. Os seus cabelos pendiam em cachos, e brilhavam ao sol com os brilhantes que os cobriam, o seu vestido rosa transmitia toda a beleza que ela escondia, até aquele dia.

Júlia desceu as escadas da entrada, e entrou para o carro. Ninguém falou. José queria sorrir, queria dizer alguma coisa, mas acabou por deixar os elogios para depois. Quando chegaram à quinta onde se iria realizar o baile, José saiu do carro e abriu a porta a Júlia. O pai de José foi embora e eles ficaram ali os dois, sozinhos por uns momentos.

- Estás linda! – disse José.

- E tu também estás lindo! Que camisa gira, a combinar com o meu vestido! – disse Júlia ofegante.

- Vamos entrar? – perguntou José.

- Acho que primeiro temos de tirar uma fotografia, para recordação.

Depois de várias fotografias, Júlia e José prosseguiram para a tenda onde estava tudo a ser preparado. As raparigas vestiam grandes vestidos, das mais variadas cores, os rapazes acompanhavam-nas com os seus fatos de gala.

- Júlia! – gritou Paula.

- Oh não… - disse ela, baixinho.

- Vamos ficar na mesma mesa!

- A sério? Que bom… - mentiu ela.

- Vens para dentro? – perguntou Paula.

- Vou já, vai indo.

- Que seca, vamos ter que as suportar? – perguntou José a Júlia.

- Nem digas nada, não quero estragar a noite por causa delas.

- Mas, acho que temos que ir.

O jantar foi servido na normalidade. Quando acabaram de comer a sobremesa, alguns dos finalistas começaram a levantar-se e a encher a pista de dança.

- Acho que vai ser agora a valsa de abertura da pista. – disse José.

- Não faz o meu estilo. – respondeu Júlia.

- Vamos até lá fora, ao jardim? – perguntou ele.

- Vamos.

José e Júlia foram até ao jardim. Estiveram a fumar uns cigarros, a beber umas bebidas e ficaram ali a divertirem-se, longe de Paula e Cátia.

- Acabou a valsa. Agora sim, música potente! – disse Júlia. – Vamos dançar?

- Eu não gosto de dançar. Vai tu.

Enquanto Júlia foi dançar José ficou no jardim a fumar mais cigarros e a beber umas bebidas. A noite estava a ser maravilhosa, José pela primeira vez teve a companhia de Júlia só para ele, numa data tão especial.

Passado uns instantes, ela voltou ao jardim.

- Ainda a fumar? Tu estás-te a sair… ai estás, estás. Quem te viu e quem te vê. Daqui a pouco a festa acaba aqui. Depois continua na discoteca lá em baixo. Vamos até lá?

- Podemos ir. – disse José.

Quando no relógio os ponteiros assinalavam meia-noite, começou a subir ao céu, uma descarga de fogo-de-artifício. Era o celebrar de uma vida académica. José e Júlia ficaram ali os dois, a observar o fogo, lado a lado.

- E acabou. Vamos até à discoteca?

- Bora lá. – respondeu José a Júlia.

José e Júlia foram a pé, enquanto muitos iam já nos seus carros. A noite estava quente. Júlia descalçou os sapatos de saltos altos que lhe magoavam os pés, e José desapertou os botões da camisa e alargou o nó da sua gravata. Estavam mais descontraídos.

- José, estou descalça. Ajuda-me, dá-me o teu braço.

Momentos depois José para e sentam-se no passeio por onde caminhavam.

- Júlia.

- Sim?

- É o último ano em que estamos juntos. Foram mais de dez anos sempre lado a lado. Com momentos altos, momentos baixos, mas sempre estivemos ali um para o outro. E agora num repente, como num piscar de olhos, tudo vai acabar. Vamos seguir por trilhos diferentes.

Ela permaneceu em silêncio, não disse nada. Momentos depois, ela abraça José.

- Isto não é um fim. – disse ela. – É apenas o início de uma outra fase das nossas vidas. Agora vamos crescer, amadurecer para mais tarde sermos capazes de enfrentar a vida. Vamos estar sempre juntos, vamos manter contacto todos os dias, e quem sabe não ficámos na mesma cidade a estudar? Nada está perdido. E a nossa amizade é a última coisa que quero perder agora.

- Por momentos sinto que tudo está a acabar, como se nos estivéssemos a aproximar de um abismo. É apenas a tristeza de deixar os amigos, e uma parte da nossa vida para trás. Mas, somos jovens e havemos de superar isso.

- É isso mesmo! – disse Júlia comovida. – Nós somos batalhadores. E nada nos deita abaixo.

José estendeu o braço para Júlia se apoiar e foram até à discoteca. O calor do corpo de Júlia no seu braço, causou um impulso emocional tão grande que José soltou uma lágrima sem querer. Júlia porém não reparara, e num momento despercebido ele levou a mão ao rosto e limpou-a.

A noite foi longa. A festa continuou. Júlia e José beberam mais umas bebidas, fumaram os últimos cigarros do maço de José e quando foram para casa, já mal se seguravam em pé. O pai de Júlia, para sorte dela, não fez nenhum comentário quando os foi buscar. Sem dúvida que foi uma grande noite. Poderia ser a noite perfeita para José se manifestar para Júlia, mas mais uma vez permaneceu no silêncio.

Os dias a seguir ao baile foram os mais tediosos para José e Júlia. Estavam de férias, mas ainda tinham os exames finais. Júlia e José voltaram a encontrar-se uma semana depois do baile para realizarem os exames do final do secundário. Antes do exame, falaram sobre a grande noite, os pormenores do baile, os vestidos, as comidas, enfim, nada ficou por dizer.

A campainha tocou. Estava na hora.

- Boa sorte Júlia. – disse José.

- Para ti também. – respondeu-lhe ela e seguiram de imediato cada um para a sua sala.

Os exames correram bem e Júlia e José. Em breve iriam entrar para a faculdade.

José conseguiu entrar no curso de marketing que tanto desejava. Júlia entrou em engenharia civil. Seguiram por caminhos diferentes, faculdades diferentes e em cidades diferentes.

continua…

Leia ou Releia


Capítulo I - Memórias de Criança
Capítulo II - O Novo Ciclo
Capítulo III - O Outro
Capítulo IV - O Sentimento
Capítulo V – Coragem

Capítulo VI - a Nova Aventura de Júlia

Capítulo VII - A Conversa Final

Capítulo VIII - As Descobertas, o último ano

Sem comentários:

Enviar um comentário