sexta-feira, 27 de julho de 2012

Sempre que Te Vejo – Capítulo I “ Memórias de Criança”

 

Capítulo I – Memórias de CriançaImagem1_thumb[2]

 

Nada é mais inocente do que uma criança. A criança que brinca, corre, tropeça, chora, mas no fim esboça sempre um sorriso, um sorriso de esperança para aqueles adultos que vivem no ódio e na tristeza. A criança representa a felicidade, a alegria e a esperança.

- Olá José. Preparado para mais um dia de aulas? – perguntou a professora.

- Sim, senhora professora. – respondeu ele, e entrou na sala.

- Não dás um beijo à tua avó, José? – perguntou a professora.

- Deixe lá professora. Ele quer ir brincar com os amigos. – disse a avó do José.

- Então, está entregue.

- Bom dia professora. Com licença. – disse a avó do José, e foi embora.

José já estava junto com os amigos a brincar. O jardim-de-infância era uma alegria. As crianças brincavam, cantavam, dançavam, sem sequer fazer ideia do mundo que as espera, lá fora.

- Olá Júlia.

- Olá José. Queres brincar comigo? – perguntou a amiga.

- Sim. E vamos brincar com o quê?

- Humm...talvez com os carros! – disse Júlia.

- Está bem. Mas não queres antes brincar com as bonecas? Como és rapariga…

- E? O que tem uma coisa a ver com a outra? Anda lá, vamos…

José e Júlia foram brincar com os carros. Os sorrisos nos seus rostos eram contagiosos, partilhavam tudo, apoiavam-se e davam força sempre que um deles estivesse mais triste. Eles partilhavam entre si todas as suas alegrias e tristezas.

Todos os dias sempre que terminavam as aulas, a avó de José ia busca-lo à escola, e levava consigo Júlia. Em casa, os dois amigos continuavam a brincar, depois iam dormir um pouco para descansarem e mais tarde a mãe de Júlia vinha busca-la para ir para casa. A mãe de José chegava do trabalho e fazia o mesmo. A rotina de José e Júlia era mesmo assim. Como duas almas gémeas, inseparáveis.

- Júlia, vamos brincar?

- Espera um pouco, estou cansada… - dizia ela enquanto suspirava.

- Fogo! Estás sempre a cansar-te. Fraquita! – disse José.

- Tu é que és fraquito! – resmungou ela.

- Ai é? Então anda-me apanhar…. – disse José e desatou a correr com Júlia atrás de si.

Os anos foram passando, José e Júlia entraram para a escola primária. Os carros, as bonecas, já começam a ser menos frequentes no dia-a-dia dos dois amigos. Agora sempre que chegavam a casa, faziam juntos os trabalhos de casa, ajudando-se um ao outro, e só depois iam brincar.

- José quanto é que é sete mais cinco menos quatro? – perguntou Júlia.

- Humm… oito?! – questionou José.

- Sim. E nove mais oito?

- Dezassete! – respondeu José.

- Já estão os trabalhos de casa todos feitos. Vamos lanchar? – perguntou Júlia a José.

- Vamos. Já estou cansado disto.. – disse ele aborrecido.

Os quatro anos de ensino primário passaram assim. As descobertas que iam surgindo, uma nova letra a aprender, um novo problema a resolver era assim a vida na escola primária. Os passeios, os lanches e as habituais sessões de estudo eram os eixos de José e Júlia naquela fase da vida. Quando terminaram os estudos primários, os dois amigos entraram numa nova escola. O sentido de responsabilidade começou a pesar sobre eles. Uma nova escola, uma outra localidade, novas pessoas, tudo começou a enfraquecer os laços entre estes dois amigos. Já era menor o tempo em que estavam juntos. As tradicionais sessões de estudo, deixaram de existir, as brincadeiras igualmente. Desde que entraram na nova escola, José e Júlia já tinham feito novos amigos. Ana e Diana foram algumas das amigas novas, de Júlia. José preferiu manter-se afastado, dando inicio a um ciclo assustador da sua vida.

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