sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Sempre Que Te Vejo – Capítulo VI – “A Nova Aventura de Júlia”


Capítulo VI – A Nova Aventura de JúliaImagem1_thumb[2]

O verão chegou. Nesta altura Júlia e José separavam-se. Viam-se muitas vezes, pois moravam na mesma freguesia mas não era nada como nos tempos de aulas. Nesta estação do ano, a prioridade de cada um era a família. José passava grande parte do verão na praia com a família. Já Júlia, tinha por hábito frequentar a piscina da vizinha quase todos os dias, pois os seus pais pouco gostavam de ir até à praia.
Em setembro, Júlia e José voltavam a encontrarem-se. Os primeiros dias de escola, serviam para debater entre eles tudo o que se passara no verão, o que fizeram, o que não fizeram, tudo era esclarecido entre eles. A cumplicidade voltara a ganhar animo entre os dois amigos.
Paula e Cátia continuavam na mesma turma de Júlia e José. Tentavam aproximar-se de novo deles, mas sempre que podiam, Júlia e José tentavam escapar da companhia delas. Porém elas estavam mais persistentes, seguiam principalmente Júlia para todo o lado. O sossego destes dois amigos, parecia ter os dias contados com a perseguição delas.

O segundo ano de Júlia e José naquela escola prosseguiu sem grandes acontecimentos até Janeiro. Nesse mês, começou-se a dar uma grande revolução. Foi um mês em que lutavam grandes sentimentos entre si, amor, ódio, raiva, ciúme, carinho, esperança, felicidade, tristeza, alegria, era como se todos os sentimentos se tivessem cruzado numa terceira guerra mundial. O motivo dessa guerra sentimental era Júlia.
Júlia conhecera Fábio. Fábio tinha 16 anos, estudava na escola que ficava do outro lado da estrada da escola de Júlia e José. Conheceram-se pelas redes sociais, como muitos outros dos amigos de Júlia, mas com este algo era diferente. Júlia parecia estar mesmo apaixonada por Fábio.
Tudo começou quando Júlia começou a passar grande parte das suas tardes livres na escola, enquanto José ia para casa. Júlia e Fábio começavam por encontrarem-se apenas nas tardes livres, depois começaram a encontrarem-se também nos intervalos das aulas, o que fez José voltar a ficar sozinho, ora a vaguear pela escola, ora a estudar na biblioteca, e acabou por chegar ao ponto de Júlia começar a faltar às aulas mais importantes para estar com Fábio.
- Júlia, faltar às aulas, isso já é demais! – disse José.
- Não te preocupes. – respondeu ela calmamente. – Ele também falta às dele.
- Pois, mas ele já está reprovado há muito, não tem sequer objetivos para a vida.
- Vê-la o que dizes, ele é meu namorado! – avisou Júlia.
- Como queiras, depois anda chorar no meu ombro.
- Deves achar que eu preciso de ti para alguma coisa?
- Pronto! Não digo mais nada, esquece que eu existo!
Cega. Novamente cega. Era assim que estava Júlia. O amor que sentia por Fábio fazia-a esquecer tudo aquilo que era importante naquele momento. Embora precisa-se de viver a vida, júlia também devia dar atenção aos seus estudos, ao seu futuro, mas não, preferiu dedicar-se a cem porcento ao romance com Fábio.
José voltou ao seu estado depressivo que hà muito já não o acompanhava. Voltara a imergir na solidão, as suas notas começavam a descer, a sua motivação a diminuir. Mas Júlia ainda estava pior. Com toda a atenção que dava ao seu louco amor, começou a perder a força de vontade que tinha para os estudos e as suas notas começaram a baixar também. A relação e Júlia e Fábio era como um caso de novela. Chegou o dia dos namorados, e ambos trocaram prendas que segundo eles simbolizavam o seu grande amor. Júlia ofereceu a Fábio um grande quadro com uma fotografia de ambos. Ele em troca deu-lhe apenas uma carta. Nessa carta expressava os seus sentimentos, os seus desejos e pedidos.
Júlia antes de mais, amo-te. A nossa relação é tudo para mim. Foste um barco que me acolheu quando andava no mar à deriva, foste o lume que acendeu a vela que é o meu coração. Sinto-me mais forte para encarar a vida desde que te conheci. Mas parece que não gostas de estar comigo, peço-te que estejas comigo e nem sempre vens, quero-te só comigo e preciso de suplicar para que venhas ter comigo. O que se passa meu amor? Porque não me dás mais atenção? Pensa em mim, nunca desistas de mim, aconteça o que acontecer.
Amo-te.
Fábio
Uma semana depois de ler a carta, Júlia respondeu.
Amor quero que saibas que também és tudo para mim. Em ti encontrei a força do amor, da razão de ser, encontrei um carinho especial que nunca sentira. Não entendo essas tuas palavras. Estou contigo sempre que posso, chego a faltar ás aulas para estar contigo, não posso te dar mais do meu tempo, tenho uma vida também! As minhas notas estão a baixar, preciso de mais concentração. Eu sei que tu não tens essa preocupação, logo no primeiro período do ano ficas-te reprovado. Mas eu tenho objetivos, tenho que voltar a recuperar os meus estudos para conseguir ter sucesso. Desculpa se te dou pouca atenção, mas tenta compreender. É o meu futuro que está em jogo.
Com amor,
Júlia
Finalmente abrira os olhos! Júlia já não faltava tanto às aulas, agora só nos intervalos maiores e tardes livres é que se encontrava com Fábio. Embora ele quisesse passar mais tempo com ela, Júlia sabia que o seu percurso pessoal também era importante. Talvez as palavras de José fossem verdadeiras.
Voltou a aproximar-se de José, a trabalhar com ele nas matérias que tinha perdido, e aos poucos os dois foram recuperando as notas que se tinham ido a baixo e voltaram a estabilizar os seus estudos.
- Segue o meu conselho. Ele está a ser egoísta, ele só pensa nele. Se ele gostasse realmente de ti, sabia o que era melhor para ti, sabia que precisas de estudar, ele só está a pensar nele, não quer estar sozinho e usa-te como consolo sempre que quer. – disse José.
- Eu sei que tens razão. Mas eu gosto dele. E custa-me muito deixa-lo assim sozinho.
- Custa? E já te esqueces-te do que me contas-te ontem? Que eu saiba ficas-te aí a tarde toda para ficar com ele, e à última da hora ele resolveu não vir ter contigo. Acorda! Ele só te está a usar como uma bengala onde se apoiar quando não tem com que se entreter.
- Não fales assim! Eu também não sou nenhum brinquedo!
- Eu sei, desculpa. Era só uma maneira de falar.
Júlia e Fábio começavam a desentenderem-se. Quanto mais tempo ela estava com ele, mais ele queria que ela ficasse no encontro seguinte. Mas ela abrira os olhos, sabia que não podia desperdiçar assim um ano de estudos, e começou a estabelecer regras naquela relação.
Fábio nunca foi muito a favor dessas regras, mas com medo de perder Júlia aceitou-as, contrariado.
- Ele está sempre com ciúmes, agora não posso estar sequer cinco minutos com os meus amigos. Ele até de ti tem ciúmes! – disse Júlia a José.
- Deixa pra lá. Isso passa. Mas porque estás assim, quase a chorar? Que mais te disse ele?
- Ele… obrigou-me a fazer uma escolha… - disse Júlia a soluçar.
- Que escolha?
- Ele, ou os meus amigos…
- O quê? Não acredito, ele…
- Acredita sim! – interveio Júlia – Sempre com ciúmes de tudo e de todos, só me quer para ele a todas as horas, mas eu tenho uma vida, não posso viver apenas para ele.
- Tens que pensar naquilo que é melhor para ti. – aconselhou José.
- Eu sei. Mas tenho receio na minha escolha. Tenho medo das consequências.
- Quando vais falar com ele? – perguntou José.
- Amanhã. – finalizou Júlia a conversa.
continua…
Leia ou Releia
Capítulo I - Memórias de Criança
Capítulo II - O Novo Ciclo
Capítulo III - O Outro
Capítulo IV - O Sentimento
Capítulo V - Coragem












































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