sexta-feira, 24 de agosto de 2012

2 Contos Samurai – “Natureza” e “O Ladrão que virou discípulo”

 

Natureza

Dois monges estavam lavando suas tigelas no rio quando perceberam um escorpião que estava se afogando. Um dos monges imediatamente o pegou e o colocou na margem. No processo ele foi picado. Ele voltou para terminar de lavar sua tigela e novamente o escorpião caiu no rio. O monge salvou o escorpião e novamente foi picado. O outro monge então perguntou:
"Amigo, por que você continua a salvar o escorpião quando você sabe que sua natureza é agir com agressividade, picando-o?"
"Porque," replicou o monge, "agir com compaixão é a minha natureza."


(Outra versão deste conto descreve uma raposa que concorda em carregar um escorpião em suas costas através de um rio, sob a condição que o escorpião não o pique. Mas o escorpião ainda assim pica a raposa quando ambos estavam no meio da correnteza. Enquanto a raposa afundava, levando o escorpião consigo, ela lamentosamente perguntou ao escorpião por que tinha condenado ambos à morte ao picá-la. "Porque é minha natureza." A mesma história é encontrada na tradição indígena americana. No Brasil a raposa é substituída por um sapo.)

 

O Ladrão Que Virou Discípulo

Uma noite quando Shichiri Kojun estava recitando sutras um ladrão com uma espada entrou em seu zendo, exigindo seu dinheiro ou a sua vida. Shichiri disse-lhe:
- Não me perturbe. Você pode encontrar o dinheiro naquela gaveta.
E retomou sua recitação. Um pouco depois ele parou de novo e disse ao ladrão:
- Não pegue tudo. Eu preciso de alguma soma para pagar os impostos amanhã.
O intruso pegou a maior parte do dinheiro e principiou a sair.
- Agradeça à pessoa quando você recebe um presente - Shichiri acrescentou. O homem lhe agradeceu, meio confuso, e fugiu.
Poucos dias depois o indivíduo foi preso e confessou, entre outras coisas, a ofensa contra Shichiri. Quando Shichiri foi chamado como testemunha, disse:
- Este homem não é ladrão, ao menos tanto quanto me diz respeito. Eu lhe dei o dinheiro e ele inclusive me agradeceu por isso.
Após o homem ter cumprido sua pena, foi a Shichiri e tornou-se um de seus discípulos.

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