sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Sempre Que Te Vejo – Capítulo V – “Coragem”


Capítulo V – Coragem
 
 

 

A vida continuou. José continuava sem conseguir expressar-se Imagem1_thumb[2]para Júlia. Já estava quase a chegar a Páscoa e o tempo que José poderia passar com Júlia estava a esgotar-se pois em breve chagavam as férias de verão.
As aulas continuavam animadas, Júlia e José conseguiam transformar as longas horas de aulas, em momentos de alegria, com jogos e conversas discretas. Muitas vezes eram chamados à atenção, mas sempre tiveram um jeito próprio para não dar muito nas vistas.
O tempo trouxe também novos amigos a Júlia e José. Paula e Cátia são duas novas colegas de turma de Júlia e José. Depois de vários trabalhos de grupo, começaram todos a simpatizar.
- Querem vir connosco? – perguntou Júlia. - Vamos até à biblioteca estudar.
- Podemos ir. – disse Cátia.
- Então vamos. – finalizou José.


As novas amigas de Júlia e José eram diferentes de Ana e Diana. Mais independentes, maduras, inteligentes mas mesmo assim reuniam alguns defeitos que viriam a revelar-se.
Passou-se um, dois meses e José começou a não gostar muito da companhia de Paula e Cátia. Por vezes, tornavam-se de tal maneira chatas e aborrecidas que Júlia e José começavam a querer voltar a ficar a dois. Mas enquanto que José apenas queria Júlia só para si, ela só pensava em estar com José para se afastar de Paula e Cátia.
Paula e Cátia eram as típicas raparigas certinhas, inteligentes, sempre dentro das regras, e isso aborrecia e muito José e Júlia. “ Maldita a hora em que nos aproximamos delas” pensavam eles.
O fim do ano estava próximo. O calor começava a despertar, os corações ganhavam mais fogo. Júlia porém continuava indiferente, enquanto José continuava a sofrer em silêncio com a falta de coragem para se revelar a Júlia.
Júlia hoje faltara à escola. Quando José lhe mandou uma mensagem a perguntar se estava tudo bem, ela respondeu-lhe que estava doente. Hoje não iria à escola. Talvez só amanhã.
Sem companhia, José decidiu passar o intervalo na biblioteca a estudar. Pois, era melhor estar sozinho do que com Paula e Cátia.
- Desculpa, está alguém nesta cadeira? – perguntou uma rapariga a José.
- Não, ninguém.
- Então posso-me sentar aqui?
- Podes, está à vontade.
A rapariga sentara-se na mesa junto a José. Enquanto José navegava entre os números, a rapariga estudava química.
- Desculpa, será que me podes emprestar a calculadora? Ham…
- José. – respondeu ele rapidamente.
- Podes-me emprestar a calculadora José? - repetiu ela.
- Sim está à vontade.
- Eu sou a Daniela.
- Olá. É um prazer conhecer-te. – disse José. – Estudas química?
- Sim, sim. Estou a cursar análises, e química é das disciplinas mais importantes…
- Pois eu sei. Prefiro aqui a matemática. Não é que seja mais simples, mas é mais, diga-mos… diferente!
- Mas precisas de ajuda?
- Não obrigado. Eu safo-me.
A conversa ficou por ali. Depois cada um seguiu o seu caminho, e não voltaram mais a cruzar-se naquele dia.
- De volta à escola? – perguntou José a Júlia já no dia seguinte.
- Já estou melhor. E novidades?
- Nada. Continua tudo igual.
- Que seca esta escola! – disse Júlia com ar aborrecida.
José não contou nada a Júlia sobre Daniela. Preferia manter-se calado. Afinal, em nada ajudaria o seu enigma com Júlia. Se contasse o sucedido, as esperanças para com ela diminuam cada vez mais. Apesar de estar em zero, a esperança podia atravessar a barra até valores negativos, caso Júlia soubesse da conversa entre José e Daniela.
- Espera por mim aqui fora. Vou à casa de banho. - disse Júlia, e afastou-se.
- Olá José! – disse Daniela.
- Olá Daniela. Tudo bem contigo? – perguntou-lhe.
- Tudo e contigo? Novidades? Como vai a matemática?
- Vai bem, obrigado.
- Queres vir dar uma volta?
- Desculpa, mas estou à espera de uma pessoa.
- Não faz mal. Vemo-nos por aí. Adeus.
- Adeus.
- Ah, podes dar-me o teu número?
- Sim claro.
José deu o seu número de telemóvel a Daniela e ela foi-se embora. Júlia quando chegou junto de José ela já não lá estava.
- Vamos para a aula?
- Claro! Já estamos atrasados. – disse José.
Mais um dia que se passou. Porém algo mudou. José tinha agora desenvolvido uma nova cumplicidade, uma nova amizade com Daniela, com quem trocava mensagens ou falava por chamadas, as aulas e a vida de cada um eram os assuntos que os dois abordavam nas suas conversas.
O ano estava a chegar ao fim. José acabara de ficar perplexo, a última mensagem de Daniela deixara-o sem palavras. “ Amo-te José. Descobri em ti a razão da vida, a felicidade. És o amor da minha vida.” Mas José sabia que o seu coração pertencia a Júlia. Não conseguia nem sequer esquecer isso por um momento. Ele sentia que não podia entrar numa relação, se estava apaixonado por outra, estaria a enganar Daniela, e sobretudo a si próprio.
“ Desculpa Daniela. Acho que a nossa relação não passa de uma relação de amizade. Desculpa se te dei falsas esperanças, mas não posso retribuir esse amor. Desculpa. ” disse José numa mensagem a Daniela.
Foi a última mensagem a ser trocada entre aqueles dois números de telemóvel. Nunca mais se falaram, e na escola faziam-se desconhecidos. Valerá a pena José ter deixado Daniela por Júlia?
continua…
Leia ou Releia
Capítulo I - Memórias de Criança
Capítulo II - O Novo Ciclo
Capítulo III - O Outro
Capítulo IV - O Sentimento

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