sábado, 28 de julho de 2012

A Borboleta Amarela – Parte 3

 

Não tardou a anoitecer. Entretanto Pedro e Tomás já estavam a par da situação. Quando chega-se um telegrama de Andomil, eles partiriam para lá.

A noite estava escura e fria. O silêncio reinava nas ruas, cada pequeno som fazia estremecer o coração de Madalena.

- O que se passa mãe? Está tão tensa. – perguntou Ana preocupada.

- Nada filha. È apenas má disposição.

A família continuou toda junta nos sofás em frente à lareira. As crianças já estavam deitadas e Tarsa estava na cozinha arrumando as louças do jantar.

Um enorme estrondo faz estremecer a casa, e Madalena solta um grito de horror. Tarsa preocupada corre para junto dos patrões e é então que se começa a ouvir tiros na rua.

- Chegou o momento, é agora. Vamos Madalena! Ana sobe as montanhas do Luar até ao cume mais alto e procura uma marca de uma arvore numa pedra que se encontra sozinha no alto dum penhasco. Fica bem. – gritou Henrique agarrando a esposa pelo braço direito e puxando-a para as cavalariças.

Montaram os dois no cavalo mais veloz que ali estava e partiram pela mata das traseiras. Quando Ana se apercebeu que os seus pais tinham desaparecido, correu até à rua. Havia fogo por todo o lado. As pessoas corriam em todas as direcções, homens a cavalo possuíam grandes espingardas, outros espadas e espalhavam o terror pela aldeia.

- Volta para dentro Ana! – gritou Pedro enquanto a abraçava e puxava-a para o interior da casa.

- Lucas! – disse Ana ao ver o filho descer pela escadaria da casa chorando.

- Estás bem?

- sim mamã. – respondeu-lhe o filho.

- Tomás vai buscar o Mateus, temos que fugir.

O irmão mais velho subiu ao quarto e trouxe o pequeno Mateus ao colo que ainda dormia. Todos os presentes na sala saíram pela porta traseira, em direcção à mata por onde Henrique e Madalena fugiram. Ana montou num cavalo e Tarsa noutro. Cada uma levava uma criança consigo, Ana com Lucas e Tarsa com Mateus.

- Vai Ana. A Tarsa vai contigo, levem as crianças. – disse Pedro.

- Não, não podes…me abandonar. – disse ela chorando. – Não…

- Desculpa prometi ao teu pai que lutaria pelo nosso país, junto a Tomás.

- Tomás tu também não podes ficar…

- Desculpa, não temos escolha. Disse o irmão.

- Então ficarei também.

- Não! – enquanto gritou, com uma mão deu uma grande palmada no cavalo o que o fez correr a uma velocidade veloz pela mata.

- Segue-a Tarsa, vão para as montanhas. Não usem as estradas, vão pela floresta.

- Sim senhor. – respondeu-lhe.

O cavalo de Tarsa partiu seguindo o de Ana. Seguiram pela floresta até ao da quinta. Quando chegaram ao fim da mata Tarsa ultrapassou o cavalo de Ana e espreitou a estrada que se seguia.

- O caminho está livre. Atravessa-mos aqui e seguimos sempre pela floresta conheço uma casa onde podemos parar para descansar, a noite ainda vai ser longa e as crianças precisam de descansar.

- Não sei o que dizer…ainda penso o porquê de estar aqui, sozinha, sem o Pedro, sem o Tomás, meu pai e minha mãe fugiram anda por aí algures…agora tenho que me preocupar com a segurança do meu filho e do meu irmão, é o mais importante. E para onde pensas levar-nos?

- Como disse tenho uma amiga que mora perto. A casa dela fica na floresta, penso que poderemos passar lá a noite a salvo. – respondeu a criada.

A viagem prosseguiu. Atravessaram a estrada e entraram na floresta. Galoparam cerca de uma hora, as crianças iam já acordadas e por vezes começavam a chorar, a chuva começava a cair sobre eles e começaram a ficar encharcados e cobertos de lama, principalmente nos pés. Os relâmpagos da trovoada iluminavam os trilhos por onde Tarsa se deslocava com Ana, apesar da tocha que Tarsa levava essa pequena chama de nada servia pois a chuva e a velocidade a que corriam não deixavam que a luz fortalecesse. Quando começaram a avistar a casa reduziram a velocidade e começaram a aproximar-se.

- É ali. – disse Tarsa.

- Tens a certeza que é de confiança? – perguntou Ana.

- Sim, senhora. Vamos.

 

Recorde

Parte 1

Parte 2

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