quinta-feira, 4 de outubro de 2012

O Brilho da Lágrima Parte 11 - Samuel Rocha



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11


Apesar de pouca coisa ter mudado, dois
meses passaram como estrelas cadentes que
tentam alcançar o rumo certo.
Depois de ter estado na Quinta da Pedra,
Salvador nunca mais falou com Cíntia. Por
muito que tentasse, a empregada tinha
sempre disponíveis as mesmas palavras:
«Neste momento, ela não se encontra em
casa». Foi então que decidiu aliar-se a Natacha
para, juntos, tentarem encontrar Susana.

- Fui à polícia. Por muito estranho que
possa parecer, ainda ninguém tinha lá ido para
contar o que se passou com a Susana.
- Isso é impossível! A mãe dela foi lá
justamente por causa disso.
- Era o que pensávamos... mas estávamos
errados. Algo se passa, Natacha. Algo se
passa.
- É muito esquisito! – sussurrava - Mas o
que é que eles te disseram mais?
- Disseram que irão ao local onde ela está.
- Ainda bem que o farão. Quero que me
vás mantendo ao corrente.
Por instantes, Salvador manteve-se em
silêncio.
- Tive uma ideia! Eu vou ao sítio onde ela
está. Tenho de encontrar uma maneira de me
infiltrar e de conseguir falar com ela.
- Não faças isso. Pode ser muito perigoso!
Se a polícia disse que trata do assunto, vamos
acreditar nisso.
- Mas eu não consigo estar quieto sem
poder saber alguma coisa. Custa-me imenso!
Salvador esquecera um pouco o facto de
o pai poder andar a segui-lo. Naquele
momento, o essencial era salvar quem salvara
o seu coração. No entanto, Miguel vivia num
mundo ofuscado com o terror de voltar a ver
o pai.
Dois dias depois, e sem querer prestar
atenção ao que disse a Polícia, Salvador fez
mesmo a chamada para o número que estava
no anúncio. Uma mulher falou do outro lado
da linha:
- Bom dia! – disse extasiadamente.
Ainda um pouco tímido, o filho de Petra
respondeu em forma de sussurro:
- Bom dia! Eu gostaria de marcar uma
sessão com a Susana, por favor.
- Susana? Que Susana?
- Félix, desculpe.
- Ela já não trabalha cá.
- Desculpe?! E para onde foi? Quando se
foi embora? – perguntou, exaltado.
- Não sei. Contudo, temos várias meninas
que são melhores do que o que você pensa.
Aguarde um pouco enquanto procuro a lista...
Sem qualquer precipitação, Salvador
desligou a chamada e pousou o telemóvel em
cima da cama.
- Onde está ela? – pensou em voz alta.
Logo depois, voltou a pegar no telemóvel,
mas desta vez para falar com Natacha.
Incredulamente, esta nem o deixou falar.
- Ainda bem que ligas, Salvador. Estou
estarrecida com o que acabou de acontecer.
- Também eu.
- A Susana acabou de me mandar uma
mensagem. Ela escreve que está bem e pede
para nos mantermos quietos, ou seja, para não
a tentarmos procurar. Não é estranho?
- Sinceramente, já não consigo juntar
todas as cartas do baralho. Como te tinha
dito, telefonei para onde era suposto ela
estar, mas a moça disse-me que ela se foi
embora. A minha cabeça está à roda!
- Não podemos desistir agora. Ela é
importante demais.
- Eu sei, mas esta situação parece aqueles
labirintos em que quase nunca encontras a
saída. Por onde andas, o fim é a entrada. Eu
sinto-me assim, sem poder salvá-la... sabe-se
lá do quê!


continua…

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