quarta-feira, 8 de agosto de 2012

A Borboleta Amarela - Parte 5

 

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A menina acalmou, suspirou e falou no seu tom normal:

- Procure no seu coração a razão, não deixe que ele se encharque com a emoção, mas caso isto aconteça nada é em vão pois tem consigo a bebida do amor, a fonte de calor a resposta ao ódio e à maldição.

- Obrigado, Sanzal.

- Sim esse é o meu nome. Façam boa viagem.

Tarsa e Ana saíram pela porta e montaram a cavalo, como na outra viagem cada uma levava um menino. Prosseguiram na direção das montanhas. A viagem demorou mais de dois dias. A sorte estava do lado delas, a chuva não voltara e o calor do Sol aquecia a viagem. Na manhã do terceiro dia começaram a subir as montanhas. Tiveram que subir pelos caminhos cravados na rocha, pois era completamente impossível escalar as rochas com os cavalos. A viagem até ao cume demorou cerca de meio dia. Quando chegaram avistaram as pistas secretas que estavam nas rochas e levavam ao refúgio da família. Várias pedras estavam cravadas com árvores e depois de cerca de meia hora a seguir as árvores nas rochas, encontra um grande lago com um jardim verdejante e uma pequena cabana de madeira. Era um sonho, como seria possível depois de dias de tristeza e escuridão encontrar tal beleza?

- Este lugar é mágico. – disse Tarsa.

Os cavalos aproximam-se da cabana, e elas descem pegando as crianças que dormiam ao colo. Tarsa abriu a porta, e viu uma caravana tão pequena mas familiar. Estava coberta de teias de aranha e pó mas isso não era importante. Entretanto as crianças acordaram, comeram um pedaço de pão que Sanzal mandara e foram brincar para o jardim. Tarsa começou a limpar e Ana descarregou tudo o que os cavalos transportavam, que foram posteriormente descansar junto ao lago.

O dia foi calmo, o silêncio que se sentia entre as montanhas parecia quase que abafava as risadas e gritarias das crianças que brincavam no jardim.

A noite chegou fria e ventosa, as pequenas árvores que ali se encontravam baloiçavam a toda a velocidade, o ruído das montanhas fazia estremecer os ouvidos das crianças, mas principalmente os de Ana que nunca viveu tão miseravelmente, sempre habituada ao luxo, ao poder, à alegria, eram poucas as tristezas cravadas nas páginas da sua vida. Mas estes dias pareciam um autêntico inferno, sem os pais, o irmão mais velho e sem o marido ela não sabia o que fazer sabia que tinha a missão de proteger o seu filho e o seu irmão mais novo.

Tarsa vivia atarefada, cuidava de Lucas e Mateus, ambos cresceram com ela, aprenderam a comer com ela, aprenderam a falar com ela, enquanto que Ana cumpria o seu papel de ir à igreja com a mãe, passear pela aldeia e tocar piano.

Enquanto Tarsa preparava alguma coisa para o jantar, Ana lia pela primeira vez uma história para o filho e para o irmão.

- “A Borboleta Amarela”, gostam? – perguntou Ana aos meninos.

- Sim mamã. – disse Lucas.

- Vou começar…Era uma vez um lagarto muito, muito feio que vivia num buraco que vivia nas profundezas de um jardim, ele sempre sonhou em voar, descobrir novas formas de ser feliz mas nunca quis sair do buraco onde estava. Uma noite ele sonhou com uma fada que lhe disse “Não deixes para amanha o que podes fazer hoje”. O lagarto acordou e sentiu-se confuso. Começou a trepar, trepar e começou a ver luz. Quando chegou ao topo do buraco, viu que a vida não é uma caixa, mas sim um leque onde nos surge de diferentes maneiras, temos é que saber procurar aquilo que é realmente importante. O pequeno lagarto trepou desta vez por uma flor e viu o Sol. Aí o seu corpo transformou-se, e ficou uma linda borboleta amarela. Agora que tinha feito o esforço de procurar uma nova vida, encontrou nessa nova vida a realização do seu sonho. Ela voou, voou sem nunca parar e a felicidade conseguiu encontrar. A pequena borboleta descobrira também que a vida nunca é perfeita, seja ela onde for vivida. O que importa não é aquilo que se passa à nossa volta, mas aquilo que se passa em nós.

- Senhora, a história é muito bonita. Já a tinha lido antes?

- Não, nunca. Mas isso não importa, eles adormeceram e agora vamos deitá-los nas mantas que estão junto à lareira.

Tarsa e Ana deitaram as crianças e depois foram descansar. Quando a manhã chegou, fresca e luminosa Tarsa já se encontrava no jardim.

- Bom dia senhora. Dormiu bem?

- Não, não consigo deixar de pensar em tudo o que tem acontecido. Chega aqui.

Tarsa aproximou-se dela e ela perguntou-lhe:

- O que farias tu para seres feliz? Para que tenhas sucesso naquilo que fazes?

- Simplesmente senhora seguia o meu coração.

- Como assim?

- Só aquilo que nos toca no coração é que nos faz realmente feliz. De nada importam as leis, as regras se tudo isso contrariar o nosso coração. Se você sentir o seu coração, sente a razão.

- Isso são disparates.

- Disparates? Diga senhora estes dias que passou mal para proteger o seu filho não lhe acenderam o coração, não foram apesar de tristes mais felizes do que aqueles que passou na aldeia?

- Posso dizer que a minha ligação ao meu filho parece ser mais intensa.

- Sim, é isso. Você ainda vai a tempo de ser muito feliz, siga o que vai no coração. Agora com licença vou preparar alguma coisa para comer-mos.

Ana ficara ali a pensar naquilo que Tarsa que disse, nas palavras de Sanzal e percebeu que precisa de mudar, mas o que fazer ela não sabia.

continua…

 

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