terça-feira, 28 de agosto de 2012

A Borboleta Amarela – Obra Completa

 

A Borboleta Amarela

COVER

Os dias ainda eram brilhantes, as noites calmas e reluzentes. Na pequena aldeia de Galatril a beleza reinava nas ruas, nos rostos das pessoas, nos pássaros, até no próprio vento que por ali passavam. Ao anoitecer, os candeeiros ganhavam vida e clareavam as ruas das cidades. No centro da aldeia, situava-se um belo jardim com grandes chafarizes a projectarem água em todos os sentidos. Ao fundo do jardim erguia-se uma grande casa, nobre e respeitada onde vivia a família do chefe da aldeia.

 

Tarsa, a criada acabara de arrumar as últimas brasas da lareira da sala para em seguida retirar-se para os seus aposentos. Num dos quartos repousava Madalena Sobral e o seu marido Henrique Sobral, o chefe da aldeia. Num outro quarto repousava Tomás, o filho mais velho do casal e num outro Ana, a filha mais nova. A manhã era esperada ansiosamente por todos, e enfim chegara. Quando a luz do sol entre pelas janelas no quarto de Ana o enorme vestido branco que estava pendurado numa cruzeta de madeira começa a brilhar como se fosse o próprio sol. Ao acordar, Ana levanta-se veste um robe de seda branca e abre a porta do seu quarto. A agitação da casa fazia as paredes vibrarem já não era só Tarsa que cuidava da casa, ela agora é que comandava os inúmeros criados que circulavam por toda a casa. As salas estavam cobertas de grandes vasos e arranjes florais de flores brancas na sua maioria rosas. Grandes mesas estavam cobertas das mais variadas especiarias.

- É hoje! – disse Ana em grande euforia.

- Então como está a noiva? – disse Madalena. – Preparada?

- Sim mãe! Hoje é o dia mais feliz da minha vida. – respondeu-lhe ao abraçar a mãe.

- Vai então preparar-te. Irei mandar a Tarsa ajudar-te. O teu pai já está pronto, está a receber os convidados.

Ana entrou de novo no seu quarto. Começou por pentear os seus lisos e pretos cabelos, e entretanto chegou a criada.

- Bom dia menina. Como se sente? – perguntou Tarsa.

- Radiante! – respondeu ela.

- Vou levar o vestido para a sala do piano, são ordens da senhora sua mãe. Quando estiver pronta mando subir as damas de honor para a ajudarem. – disse a criada.

Ana não respondeu e continuou a pentear os seus cabelos. Por momentos olhou-se no espelho e caiu uma lágrima do seu olho. Não lhe deu importância, poderia ser uma gota de alegria ou tristeza mas nem ela própria sabia de onde aparecera aquela lágrima. Levantou-se da cadeira e dirigiu-se para a sala do piano. Era uma sala enorme, do tecto caiam grandes candeeiros que iluminavam a sala juntamente com a luz do Sol vinda das janelas, as paredes eram brancas e nelas estavam presos grandes espelhos que brilhavam de tanta luz. No centro da sala encontrava-se um grande piano, onde tinha um enorme ramo de rosas brancas esperando alguém, era o ramo da noiva. Num dos cantos da sala estavam as damas de honor, com o vestido pendurado numa cruzeta, os sapatos, tudo o que a noiva precisava estava ali. Ana dirigiu-se a elas, e começou a preparar-se ao som do piano, onde a sua melhor amiga tocava belas melodias.

Os convidados começavam a chegar. Junto à porta estava Tomás a receber os convidados. Os pais da noiva acolhiam os amigos no salão principal. Todos esperavam ansiosamente que a noiva descesse.

- A noiva vai descer! – gritou alguém.

- Uma nova música começou a tocar na sala. Todos pararam e juntaram-se ao fundo da escadaria. As damas de honor desciam uma a uma. O sol brilhara de novo, ou pelo menos assim parecia. A beleza de Ana era incomparável, o vestido brilhava como nunca, tal como o seu sorriso. Aquela imagem de Ana fora comentada durante meses em toda a aldeia, mas naquele momento nem as jóias que ela possuía eram tão intensas e valiosas.

A noiva desceu, pediu a bênção ao pai e ao avô, e depois de cumprimentar os convidados saíram todos para a igreja. Os coches que esperavam os convidados começaram a dirigir-se para a igreja. Tal como a casa da noiva, toda a igreja pendia de grandes florais nos altares e paredes. Depois de todos os convidados se sentarem, o Sol ganhou mais brilho, ou pelo menos era o que parecia. Mas na realidade era Ana que acabara de entrar pela igreja. Pedro esperava Ana quase no fim do corredor, vestido de branco pérola com um sorriso na mão recebeu Ana das mãos de Henrique e subiu ao altar até junto do padre Jorge. A cerimónia era dita por muitas pessoas ali da aldeia como sendo a mais bela que ali houvera, nunca antes a aldeia brilhara tanto por um casamento. Toda a tarde foi maravilhosa, a noite iluminada pela luz da Lua acompanhou os noivos e alguns convidados nas últimas valsas que fora dançadas. Tudo tem um fim e a manhã do dia seguinte não tardou a chegar. Dias depois do casamento Ana e Pedro partiram de lua-de-mel para as belas praias da costa de Luzim.

A semana passou rápida, depois de passarem uns bons dias de lua-de-mel, Ana e Pedro voltam a Galatril. Permaneceram e estabeleceram-se em casa de Henrique. Num abrir e fechar de olhos, passaram-se sete anos. Madalena dera à luz outro filho a que dera o nome de Mateus, Ana dois anos depois de receber um novo irmão traz ao mundo um filho, Lucas.

A casa da família Sobral nunca estivera tão alegre, as crianças corriam e faziam brilhar cada canto sombrio, faziam com que até as pedras ganhassem vida. Ana era agora uma senhora de casa, vivia com os pais na mansão da família desde que se casara com Pedro, que se tornara braço direito de Henrique na chefia de Galatril.

Madalena e Ana passavam os dias em casa com as crianças, umas vezes iam passear de coche, outras faziam voluntariado na aldeia, e havia dias em que costumavam passar as noites na casa da montanha, um refúgio que pertencia à família à muitos séculos.

O terceiro aniversário de Lucas estava breve, Henrique e Pedro viajavam muitas vezes para Andomil, a capital e era Tomás ficava encarregue de chefiar aldeia na ausência do pai. Madalena começava a preocupar-se, o marido desta vez partira à mais de uma semana e ainda não voltara. Pedro acabara de chegar à aldeia, trazendo noticias de que o sogro iria votar em breve mas nem isso acalmava Madalena.

Uma semana passou, mas não houve mais notícias de Henrique.

Domingo chegara, o Sol começava a brilhar os galos a cantar, e as pessoas começavam a circular pelas ruas, umas à procura de pão fresco, outras iam à missa era um amanhecer muito agitado na aldeia. Tarsa acabar de servir o pequeno-almoço quando as portas se abrem e entra Henrique pela porta principal da casa.

- Família? – chamava ele. – Onde andam todos?

- Henrique! – gritou Madalena, enquanto se ausentara da sala de jantar e corria para os braços do marido.

- Pai! – gritou Ana eufórica. - Até que enfim chegas-te.

Henrique juntou-se à família no pequeno-almoço, conversaram até meio da manha mas nunca foi mencionado qualquer aspecto da viagem. Depois de uma boa conversa Henrique chama Madalena ao escritório.

- O que se passa? O que me queres dizer? – perguntou ela.

- Não trago boas notícias. A guerra está a chegar, o governo está prestes a cair. Todos estes dias que passei em Andomil estive reunido com os chefes de todo o país, com o governo e com os chefes da igreja do nosso país. Juntamente com outros país aliados, parte do nosso povo está a revoltar-se para instalar um novo regime. Tudo isto pode dar numa grande guerra que se espalhara por todo o país.

- Não pode ser…ai meu deus e o que será de nós? – perguntava Madalena desesperada. – Estamos em perigo!

- Sim, e nós seremos os principais alvos a abater aqui na aldeia, uma vez que se nós morrermos a aldeia fica sem chefe… e por isso temos que…

- Temos que, o quê? – perguntou ela.

- Fugir.

- Não, não podemos, temos aqui tudo, a casa, os amigos, e os nossos filhos! Mas para onde iríamos todos?

- Todos…não. Só nós, eu e tu e que necessitamos de fugir. Eu como chefe, se ficar corro o risco de ser assassinado pelos manifestantes, e tu como minha esposa também. Uma vez que só Tomás pode reclamar o cargo, temos o resto da família a salvo…por enquanto.

- Mas como dizes tu se Tomás ficar pode morrer…

- Não ele não ficara. Todos os homens com mais de dezasseis anos serão obrigados a deixar as suas casas e partir para a guerra e defesa da nação. Pedro também será chamado.

- Temos que alertar a nossa família eles não podem ficar sem nada saber.

- Não, Tomás e Pedro serão avisados em seguida por mim. Ana não pode saber da nossa fuga, pode estragar o meu plano de fuga.

- Plano de fuga? – perguntou Madalena surpreendida. – Mas para quê um plano? A guerra ainda não rebentou…

- A guerra não rebentou tens razão…mas já começaram a aparecer chefes de pequenas aldeias mortos, mas para já os casos estão a ser silenciados para não preocupar a população.

- E quando tencionas partir?

- Hoje de madrugada. – disse Henrique.

Não tardou a anoitecer. Entretanto Pedro e Tomás já estavam a par da situação. Quando chega-se um telegrama de Andomil, eles partiriam para lá.

A noite estava escura e fria. O silêncio reinava nas ruas, cada pequeno som fazia estremecer o coração de Madalena.

- O que se passa mãe? Está tão tensa. – perguntou Ana preocupada.

- Nada filha. È apenas má disposição.

A família continuou toda junta nos sofás em frente à lareira. As crianças já estavam deitadas e Tarsa estava na cozinha arrumando as louças do jantar.

Um enorme estrondo faz estremecer a casa, e Madalena solta um grito de horror. Tarsa preocupada corre para junto dos patrões e é então que se começa a ouvir tiros na rua.

- Chegou o momento, é agora. Vamos Madalena! Ana sobe as montanhas do Luar até ao cume mais alto e procura uma marca de uma árvore numa pedra que se encontra sozinha no alto dum penhasco. Fica bem. – gritou Henrique agarrando a esposa pelo braço direito e puxando-a para as cavalariças.

Montaram os dois no cavalo mais veloz que ali estava e partiram pela mata das traseiras. Quando Ana se apercebeu que os seus pais tinham desaparecido, correu até à rua. Havia fogo por todo o lado. As pessoas corriam em todas as direcções, homens a cavalo possuíam grandes espingardas, outros espadas e espalhavam o terror pela aldeia.

- Volta para dentro Ana! – gritou Pedro enquanto a abraçava e puxava-a para o interior da casa.

- Lucas! – disse Ana ao ver o filho descer pela escadaria da casa chorando.

- Estás bem?

- sim mamã. – respondeu-lhe o filho.

- Tomás vai buscar o Mateus, temos que fugir.

O irmão mais velho subiu ao quarto e trouxe o pequeno Mateus ao colo que ainda dormia. Todos os presentes na sala saíram pela porta traseira, em direcção à mata por onde Henrique e Madalena fugiram. Ana montou num cavalo e Tarsa noutro. Cada uma levava uma criança consigo, Ana com Lucas e Tarsa com Mateus.

- Vai Ana. A Tarsa vai contigo, levem as crianças. – disse Pedro.

- Não, não podes…me abandonar. – disse ela chorando. – Não…

- Desculpa prometi ao teu pai que lutaria pelo nosso país, junto a Tomás.

- Tomás tu também não podes ficar…

- Desculpa, não temos escolha. Disse o irmão.

- Então ficarei também.

- Não! – enquanto gritou, com uma mão deu uma grande palmada no cavalo o que o fez correr a uma velocidade veloz pela mata.

- Segue-a Tarsa, vão para as montanhas. Não usem as estradas, vão pela floresta.

- Sim senhor. – respondeu-lhe.

O cavalo de Tarsa partiu seguindo o de Ana. Seguiram pela floresta até ao da quinta. Quando chegaram ao fim da mata Tarsa ultrapassou o cavalo de Ana e espreitou a estrada que se seguia.

- O caminho está livre. Atravessa-mos aqui e seguimos sempre pela floresta conheço uma casa onde podemos parar para descansar, a noite ainda vai ser longa e as crianças precisam de descansar.

- Não sei o que dizer…ainda penso o porquê de estar aqui, sozinha, sem o Pedro, sem o Tomás, meu pai e minha mãe fugiram anda por aí algures…agora tenho que me preocupar com a segurança do meu filho e do meu irmão, é o mais importante. E para onde pensas levar-nos?

- Como disse tenho uma amiga que mora perto. A casa dela fica na floresta, penso que poderemos passar lá a noite a salvo. – respondeu a criada.

A viagem prosseguiu. Atravessaram a estrada e entraram na floresta. Galoparam cerca de uma hora, as crianças iam já acordadas e por vezes começavam a chorar, a chuva começava a cair sobre eles e começaram a ficar encharcados e cobertos de lama, principalmente nos pés. Os relâmpagos da trovoada iluminavam os trilhos por onde Tarsa se deslocava com Ana, apesar da tocha que Tarsa levava essa pequena chama de nada servia pois a chuva e a velocidade a que corriam não deixavam que a luz fortalecesse. Quando começaram a avistar a casa reduziram a velocidade e começaram a aproximar-se.

- É ali. – disse Tarsa.

- Tens a certeza que é de confiança? – perguntou Ana.

- Sim, senhora. Vamos.

Desceram dos cavalos pegaram nas crianças ao colo e aproximaram-se da porta.

Tarsa tocou no pequeno sino junto à porta três vezes. Não obteve resposta. A luz que fugia pelas janelas diminuíra como se velas tivessem sido apagadas. Ela tocou de novo.

Quando já desistira de esperar e virava costas para voltar aos cavalos a porta abriu-se. Uma menina de cabelos loiros olhos azuis, que aparentava ter doze anos saiu da casa e disse:

- Entrem, entrem. A tempestade vai piorar e os meninos em breve poderão ficar muito doentes se não entrar já. Os cavalos não fugirão, garanto-vos. Tenho duas camas preparadas e roupas secas, para os meninos tenho aqui um remédio que se o tomarem já a febre que se avizinha não será tão forte. Calculo que não tenham fome, e por isso não preparei nada.

Ana ficou pasmada a olhar para a rapariga.

- Desculpa, estás sozinha em casa? – perguntou Ana. – Onde está a tua família?

- Família? Não, não tenho. Morreram todos, meus queridos pais e meu irmão, num incêndio aqui na floresta à quase trinta anos. Agora entrem se faz favor.

Todos entraram, trocaram as roupas e deitaram-se nas camas que jaziam preparadas. Ninguém falara nada desde que entraram na casa. Tarsa dormia com Mateus enquanto que Ana dormia com Lucas. A manhã chegou calma e com o sol a sorrir quando todos acordaram a menina estava já estacada junto da cama de Ana.

- Sei que dormiram bem. A manhã já vai longa e calculo que estão com muita fome. Preparei-vos um bom pequeno-almoço.

- Obrigado mas não era preciso, temos que partir. – disse Ana.

- Sim eu sei, e por isso assegurei-me que os cavalos estão em condições para grandes viagens. Arranjei-vos um outro que transporta mantimentos para a viagem.

- Mas como…

- Não faça perguntas que não necessitam de respostas. – disse a menina interrompendo Ana.

Todos se juntaram à mesa para comer com pouco apetite Ana ainda pensava no que tinha deixado para traz, o marido, o irmão e nem sequer imaginava o que era feito dos seus pais. As explosões e manifestações que se viviam na aldeia teriam de alguma maneira afectado a sua família? – interrogava-se ela.

- Senhora, temos que partir. – disse Tarsa a Ana.

- Sim, mas antes gostaria que me esclarecesses uma coisa. Acho tudo isto muito estranho, como é que a menina perdeu os pais há trinta anos e parece ter apenas onze ou doze anos? Como é que ela fala se soube-se que iríamos procurá-la, e parece saber tudo aquilo que vamos fazer. Ela é bruxa, ou algo do género?

- Não diga isso minha senhora… - Tarsa começou a falar enquanto que a menina estava a preparar um farnel para a viagem. – Tudo começou há cerca de cinco anos, os pais de Sanzal, que é o nome dela tinham ido à aldeia para comprar mantimentos para a família. Sanzal ficara sozinha em casa com o seu irmão mais velho, enquanto o irmão tratava de preparar o almoço Sanzal foi para o jardim preparar um pequeno ramo de flores. Ao pegar numa rosa, cortou um dos dedos nos espinhos da roseira, e foi ainda um corte bem profundo. Ela gritou pelo irmão para que a viesse socorrer, e ele chegou de imediato ao jardim. Sentou-a num banco de jardim junto à porta da casa e foi buscar um remédio e um pano molhado quando chegou a pedra do chão já se encontrava suja com algumas gotas de sangue. Ele tratou do ferimento da irmã e levou-a para dentro de casa. Cansada de estar dentro de casa, ela saiu outra vez para o jardim e foi passear pela floresta. Quando o irmão notou que ela tinha saído veio até ao jardim e chamou por ela, mas não obteve resposta e decidiu procurá-la na floresta. Quando os pais chegaram viram a porta aberta e o sangue de Sanzal no chão. A mãe desatou a gritar pelos filhos em desespero. O pai correu pela casa mas não encontrou ninguém. – Tarsa fez uma pausa.

- Mas o que aconteceu depois? – perguntou Ana inquieta

- Não se sabe ao certo, diz-se que o irmão de Sanzal caiu num buraco enquanto procurava a irmã, dizem que morreu o que é certo é que nunca mais foi visto, quanto aos pais de Sanzal suicidaram-se dias depois de não receberem noticias dos filhos. Já Sanzal voltou a casa uma semana depois e foi ela que encontrou os pais mortos no jardim. Ninguém sabe o que aconteceu à menina durante esse desaparecimento nem o que foi feito aos corpos dos pais dela, mas o que é certo é que ela tem poderes que adivinham o futuro. E disso você já tem provas.

- Sim, realmente tenho…mas, ela disse que a família morreu num incêndio.

- Doida varrida também é, pobre menina. Vive sozinha, tão nova mas a sua mente é de alguém até mais velho que nós mesmas. Penso que ela foi consumida por espíritos.

- Credo, que assustador. Mas porque ninguém cuidou dela? E como a conheces Tarsa?

- Ela tem forças incalculáveis, ninguém a subestima. Foi à precisamente poucos meses quando ouvi conversas do senhor seu pai sobre perigos nacionais, guerras e como sabia a história da menina decidi vir até aqui para prevenir o meu e o futuro da vossa família. Desde então tenho vindo várias vezes até aqui, penso até que sou a única pessoa a fazê-lo.

- É triste, até ontem pensava que a vida era um mar de rosas, sem tristezas, sem solidão, sem ódio, nunca imaginei que houvesse estes casos estranhos, sobrenaturais mas sobretudo tristes.

- Sim, é verdade. Cada pessoa vê a vida baseada naquilo que a rodeia. A senhora, sempre viveu com boas poses financeiras, nunca teve um emprego, vivia rodeada da família, nunca tomou outro rumo e ver novos horizontes…não me leve a mal mas é isto que penso.

- Sim Tarsa estás à vontade, e com razão. Nunca pensei que passaria o que estou agora a passar, nunca imaginei que a dor emocional fosse tão forte… - lamentava-se Ana.

A menina entrou e dirigiu-se a elas. Estendeu a mão direita ao bolso do casaco e retirou um pequeno frasco e estendeu a mão a Ana.

- Guarde num local bem seguro, vai precisar.

- Obrigado mas o que é isto? – perguntou Ana.

A voz da menina mudou e começou num tom grave e assustador a proclamar:

Empurradas pelos vento,

fugiram à morte

numa casa do mato,

procuram a sorte.

Num barco à deriva,

Andam elas a navegar.

Ofereço o elixir da vida,

Para o coração acalmar.

A menina acalmou, suspirou e falou no seu tom normal:

- Procure no seu coração a razão, não deixe que ele se encharque com a emoção, mas caso isto aconteça nada é em vão pois tem consigo a bebida do amor, a fonte de calor a resposta ao ódio e à maldição.

- Obrigado, Sanzal.

- Sim esse é o meu nome. Façam boa viagem.

Tarsa e Ana saíram pela porta e montaram a cavalo, como na outra viagem cada uma levava um menino. Prosseguiram na direcção das montanhas. A viagem demorou mais de dois dias. A sorte estava do lado delas, a chuva não voltara e o calor do Sol aquecia a viagem. Na manhã do terceiro dia começaram a subir as montanhas. Tiveram que subir pelos caminhos cravados na rocha, pois era completamente impossível escalar as rochas com os cavalos. A viagem até ao cume demorou cerca de meio dia. Quando chegaram avistaram as pistas secretas que estavam nas rochas e levavam ao refúgio da família. Várias pedras estavam cravadas com arvores e depois de cerca de meia hora a seguir as árvores nas rochas, encontra um grande lago com um jardim verdejante e uma pequena cabana de madeira. Era um sonho, como seria possível depois de dias de tristeza e escuridão encontrar tal beleza?

- Este lugar é mágico. – disse Tarsa.

Os cavalos aproximam-se da cabana, e elas descem pegando as crianças que dormiam ao colo. Tarsa abriu a porta, e viu uma caravana tão pequena mas familiar. Estava coberta de teias de aranha e pó mas isso não era importante. Entretanto as crianças acordaram, comeram um pedaço de pão que Sanzal mandara e foram brincar para o jardim. Tarsa começou a limpar e Ana descarregou tudo o que os cavalos transportavam, que foram posteriormente descansar junto ao lago.

O dia foi calmo, o silêncio que se sentia entre as montanhas parecia quase que abafava as risadas e gritarias das crianças que brincavam no jardim.

A noite chegou fria e ventosa, as pequenas árvores que ali se encontravam baloiçavam a toda a velocidade, o ruído das montanhas fazia estremecer os ouvidos das crianças, mas principalmente os de Ana que nunca viveu tão miseravelmente, sempre habituada ao luxo, ao poder, à alegria, eram poucas as tristezas cravadas nas páginas da sua vida. Mas estes dias pareciam um autêntico inferno, sem os pais, o irmão mais velho e sem o marido ela não sabia o que fazer sabia que tinha a missão de proteger o seu filho e o seu irmão mais novo.

Tarsa vivia atarefada, cuidava de Lucas e Mateus, ambos cresceram com ela, aprenderam a comer com ela, aprenderam a falar com ela, enquanto que Ana cumpria o seu papel de ir à igreja com a mãe, passear pela aldeia e tocar piano.

Enquanto Tarsa preparava alguma coisa para o jantar, Ana lia pela primeira vez uma história para o filho e para o irmão.

- “A Borboleta Amarela”, gostam? – perguntou Ana aos meninos.

- Sim mamã. – disse Lucas.

- Vou começar…Era uma vez um lagarto muito, muito feio que vivia num buraco que vivia nas profundezas de um jardim, ele sempre sonhou em voar, descobrir novas formas de ser feliz mas nunca quis sair do buraco onde estava. Uma noite ele sonhou com uma fada que lhe disse “Não deixes para amanha o que podes fazer hoje”. O lagarto acordou e sentiu-se confuso. Começou a trepar, trepar e começou a ver luz. Quando chegou ao topo do buraco, viu que a vida não é uma caixa, mas sim um leque onde nos surge de diferentes maneiras, temos é que saber procurar aquilo que é realmente importante. O pequeno lagarto trepou desta vez por uma flor e viu o Sol. Aí o seu corpo transformou-se, e ficou uma linda borboleta amarela. Agora que tinha feito o esforço de procurar uma nova vida, encontrou nessa nova vida a realização do seu sonho. Ela voou, voou sem nunca parar e a felicidade conseguiu encontrar. A pequena borboleta descobrira também que a vida nunca é perfeita, seja ela onde for vivida. O que importa não é aquilo que se passa à nossa volta, mas aquilo que se passa em nós.

- Senhora, a história é muito bonita. Já a tinha lido antes?

- Não, nunca. Mas isso não importa, eles adormeceram e agora vamos deitá-los nas mantas que estão junto à lareira.

Tarsa e Ana deitaram as crianças e depois foram descansar. Quando a manhã chegou, fresca e luminosa Tarsa já se encontrava no jardim.

- Bom dia senhora. Dormiu bem?

- Não, não consigo deixar de pensar em tudo o que tem acontecido. Chega aqui.

Tarsa aproximou-se dela e ela perguntou-lhe:

- O que farias tu para seres feliz? Para que tenhas sucesso naquilo que fazes?

- Simplesmente senhora seguia o meu coração.

- Como assim?

- Só aquilo que nos toca no coração é que nos faz realmente feliz. De nada importam as leis, as regras se tudo isso contrariar o nosso coração. Se você sentir o seu coração, sente a razão.

- Isso são disparates.

- Disparates? Diga senhora estes dias que passou mal para proteger o seu filho não lhe acenderam o coração, não foram apesar de tristes mais felizes do que aqueles que passou na aldeia?

- Posso dizer que a minha ligação ao meu filho parece ser mais intensa.

- Sim, é isso. Você ainda vai a tempo de ser muito feliz, siga o que vai no coração. Agora com licença vou preparar alguma coisa para comer-mos.

Ana ficara ali a pensar naquilo que Tarsa que disse, nas palavras de Sanzal e percebeu que precisa de mudar, mas o que fazer ela não sabia.

- Olá mamã.

- Lucas! Bom dia filhote como estás? Dormiste bem?

- Sim mamã.

- Vai para dentro, a Tarsa está a preparar o pequeno-almoço. Acorda o Mateus.

- Está bem.

Lucas correu para dentro, acordou Mateus e foram ambos se sentarem à mesa. Ana decidiu dar um passeio pela montanha. Precisa de pensar e tirar conclusões da vida.

- Já sei! – gritou ela, correndo até à caravana.

- Tarsa Tarsa! – chamava Ana.

- Senhora, aconteceu alguma coisa?

- Não, mas já sei o que vou fazer. Não é a fugir e a esconder-me que vou poder fazer alguma coisa por mim, pelos meus filhos e por todos. Mesmo que o meu esforço não valha a pena, pelo menos tentei.

- E o que vai fazer?

- Vou voltar a Galatril, procurar o meu marido e o meu irmão. Apoia-los e apoiar o povo, afinal como membro do governo de Galatril esse é o meu dever.

- Sim, mas se partir-mos as crianças não ficarão em segurança.

- Pois eu sei por isso é que queria te pedir um favor. Fica aqui e cuida deles. Eu vou sozinha.

- Mas senhora, é perigoso.

- Não te preocupes. Fazes-me esse favor?

- Não sei…é uma grande responsabilidade.

- Sim eu sei, mas é a única saída. Afinal vou seguir aquilo que me vai no coração.

- Sim está bem. Eu cuido dos meninos.

- Obrigada Tarsa.

- E quando pensa em partir?

- Hoje mesmo.

- Então, boa sorte.

Ana foi para a cabana onde começou a reunir os seus pertences mais importantes e comida para a viagem que não ia ser nada fácil.

Quando tudo estava pronto, ela chamou o filho e o irmão e contou-lhes que iria partir, não dizendo em concreto o motivo, afinal eles são crianças. A despedida foi longa, com lágrimas e abraços até que Ana montou o cavalo e partiu. Decidira ir pela estrada até à aldeia, sabia que corria riscos, mas assim poderia conseguir obter novidades.

Galopou até à base da montanha, e depois fez com que o cavalo aumenta-se a velocidade, e correu ainda mais depressa. A viagem iria ser rápida, afinal não tinha os obstáculos da floresta, nem crianças, era só ela e o cavalo.

Quando começou a anoitecer Ana já se encontrava a pouco mais de cinco quilómetros. O fumo que se via ao longe começava-se a aproximar, tal como o medo de Ana começava a aumentar. Não vira ninguém na estrada, o que era de esperar em tempo de guerra. Estava cada vez mais próxima da aldeia o que a fez pensar no que fazer. Ela sabia que o melhor era entrar de noite na aldeia, não dava tanto nas vistas mas ainda se via luz no céu. Ana decidiu parar e descansar um pouco. Entrou na floresta que rodeava a estrada, mas não se afastou muito pois teria que partir rapidamente. Ela comeu um pedaço de pão, bebeu um pouco de água e preparava-se para partir quando começou a ouvir uns movimentos. Espreitou e viu um enorme exército a seguir na direcção da aldeia. Eram um numero elevado de cavaleiros, atrás uns outros transportavam alguns catacumbas e outros apenas bandeiras, do governo.

Eram aliados de Pedro e Tomás, mas nem isso deixava Ana mais descansada. Deixou passar um tempo e depois seguiu em direcção à aldeia.

A cerca de um quilómetro da aldeia já todo o pinhal estava queimado. Pequenas casas que começavam a aparecer de vez em quando estavam com portas arrombadas e outras destruídas. O horror começava a espalhar-se no rosto de Ana, de vez em quando apareciam corpos no chão, eram cada vez mais quanto mais Ana se aproximava do centro maior era a tragédia que a aldeia ditava.

A aldeia estava deserta, destruída, queimada, até a igreja onde Ana se casara sofreu com a guerra. Ao chegar ao centro, Ana corre na direcção da sua casa. Os pequenos incêndios que ainda estavam activos em algumas casas faziam uma enorme claridade por toda aldeia. A casa estava destruída, os vidros das janelas partidos, as portas arrombadas, o jardim queimado e até haviam buracos nas paredes. Era o caos, nunca tal destruição foi visível aos olhos de Ana. Ela deixou o cavalo junto da porta da sua casa e entrou por entre os escombros. Tudo estava destruído, mesas partidas, cadeiras queimadas, livros espalhados por toda a casa e todas as paredes estava pretas do fogo. Ela subiu a escadaria que ainda resistiu aos ataques, mas todos os quartos estavam também destruídos. Ela continuou a andar e parou junto de uma outra porta. Esta não estava arrombada, estava trancada tal como no dia em que ela abandonou aquela casa.

Colocou a mão junto à maçaneta e abriu a porta. A sala estava intacta, porém cheia de pó e alguns vidros que foram partidos do lado de fora das janelas. O grande piano encontrava-se no lugar que sempre esteve, coberto de pó.

Ana caminhou até junto dele, retirou o pano que cobria as teclas sentou-se num banco e começou a tocar.

A música fê-la pensar naquilo que viveu, nos tempos em que era miúda, no dia do seu casamento mas tudo acabou com uma imagem de tristeza daquela aldeia. De repente começou a ouvir pequenos barulhos, e ao mesmo que ouviu esses barulhos retirou as mãos do piano que se silenciou.

O barulho parecia aproximar-se, alguém corria na sua direcção.

- Ana! – gritou Tomás.

- Tomás! És tu meu irmão! – respondeu Ana correndo para abraça-lo.

- Como estás? O que fazes aqui? As crianças? – perguntou o irmão.

- Ficaram com a Tarsa no esconderijo. Eu voltei para te ajudar …onde está o Pedro? Onde está?

- O Pedro....

- O que lhe aconteceu?

- Partiu, para um mundo com mais paz, onde reina o amor, onde há mais luz. Nós perdemo-lo ontem.

- Não!!!I Isto não pode estar a acontecer! – Ana chorava,gritava as lágrimas no seu rosto eram imensas.

- Acalma-te! O corpo ficou debaixo dos escombros na zona sul da aldeia, mas ainda há pessoas que tem esperança de o encontrar vivo.

- Pessoas? Que pessoas? A aldeia está deserta, s+o vi corpos de pessoas que morreram no chão.

- Não, as pessoas estão na zona este. Lá tem o rio que de certa forma as protege dos invasores. Chegaram-me noticias que foste vista a vir do norte, na direcção daqui da casa e depois ouvi o piano, era a tua música.

- Sim isto fez-me assentar os pés na Terra. - disse ela. - Eu quando vinha para cá vi passar um exército do governo, que significa isso?

- Eles vieram ajudar-nos. Não sei se sabes mas os invasores foram arrastados pelos exércitos do governo para os nossos lados. As pessoas já perceberam que a razão está do nosso lado. Vamos vencer.

- E eu estou aqui para ajudar no que for preciso.

- Obrigada mana.

- Vou levar-te para junto do povo. Podes servir voluntariado aos idosos e crianças.

- Sim, eu vou.

E então eles partiram para este. Quando atravessaram o rio Ana deparou-se com a pobreza nos rostos daquelas pessoas, na tristeza que elas sentiam e sabia que precisava de mudar isso, sabia que a sua maior missão era espalhar esperança, fé e amor pelas pessoas que ali se encontravam. Ela foi saudada por todos os que por ela passavam, as continuou o seu percurso e foi se instalar junto do seu irmão. Repousou numa pequena cama até ao amanhecer. Levantou-se, comeu um pedaço de pão e bebeu um pouco de água e foi a correr para junto do irmão. Uma grande multidão estava reunida mas ela não conseguia perceber o que se passava. Ficou ali a tentar perceber o que se passava, mas só quando os soldados se aproximavam da tenda dela é que ela reparou que transportavam um corpo para a tenda da chefia. Ana sentiu um aperto no coração quando reparou que aquele rosto era conhecido.

- Pedro? – pensou ela

- É ele. – gritou enquanto corria para junto dele.

Quando se aproximou viu que ele estava ferido numa perna.

Ele perdeu muito sangue, vai morrer breve. – disse um dos soldados.

- Não, não vai.

Ana correu até à sua tenda e trouxe o frasco que Sanzal lhe tinha dado. Abriu e deixou cair o líquido na perna de Pedro. Depois deu-lhe um beijo na face que estava preta, da cinza e ele acordou.

- Ana. Disse ele ainda de olhos fechados.

- Sim sou eu meu amor. – enquanto lhe segurava a mão que tinha a aliança de casamento. – Agora descansa.

A ferida tinha desaparecido. Era sem dúvida um líquido mágico, que surpreendeu todos. Pedro ficou a recuperar e Ana decidiu dar um passeio e procurar flores para colocar junto à cama de Pedro. Afastou-se um pouco das tendas e viu ao longe uns movimentos a aproximarem-se. Eram os protestantes que restavam, eram cerca de trinta e por fim vinha o líder, aquele que persuadiu milhares a lutar apenas em seu benefício. Ela escondeu-se e deixou que o grupo passa-se. O líder ficou para traz com dois seguranças e Ana pegou numa pedra e tentou acertar-lhe. Não teve sucesso, e ao ver a pedra cair junto deles, os seguranças do líder correm em direcção a Ana. Esta desata a correr até à tenda onde o grupo dos protestantes lutava contra o exército. Eles eram demasiados poucos e aos poucos foram morrendo todos. Quando Ana chega as tendas os dois que a seguiam são abatidos com dois punhais lançados pelo exército e morrem. Ana corre para junto deles mas tropeça num corpo que parecia estar morto e caí ao chão. Ele levanta-se e agarra-a ameaçando mata-la se eles fizerem alguma coisa. O líder aparece logo junto deles e retira a sua espada.

- Olha só quem é ela. A filhinha de Henrique o chefe desaparecido, o único que eu não destrui completamente.

- Não me faça mal. Imploro-lhe.

- Largue a minha irmã. – gritava Tomás.

- Sim largo. Solta-a.

O homem que a segurava soltou-a e ia para fugir quando o chefe manda-o parar.

- O que deseja mais de mim, senhor Serul?

- Nada. Apenas deixar tudo limpo. Eu perdi. Sou o chefe, por isso sou o ultimo a ir. – enquanto acabava de falar estendeu a espada ao homem e ele caiu no chão, morto.

- Assassino, monstro! – gritava Ana.

- Sim podes me chamar isso. Agora quero que lutes comigo. Desafio-te a um duelo.

- Como queiras.

- Não faças isso. Eu luto por ti. – gritou Tomás.

- Não. Tenho de ser eu a fazer isto. Por mim, pela minha família e por todos vós que eu amo. Dêem-me uma espada.

Um dos soldados atirou-lhe uma espada para as mãos e ela começou a lutar com Serul. Depois de vários arranhões ela consegue atingir Serul no coração, mas não é só o sangue dele que escorre na espada. Nessa preciso momento ela também é atingida por Serul na barriga e caem os dois no chão.

Ana ainda ouve a voz do seu irmão gritando por ela, ainda vê Pedro deitado dentro da tenda, vê Henrique e Madalena a chegarem com Tarsa e os meninos. Ao fim de alguns dias ela morre com falta de sangue. No preciso momento em que vê a vida fugir-lhe uma grande névoa escura tapa os seus olhos. Parece que estava perdida num mundo de escuridão. De repente abre s olhos e vê uma enorme claridade pela janela.

- Olá Ana. Então preparada para o casamento? A tua irmã Paula está tão entusiasmada. A minha borboleta amarela não vai querer chegar atrasada ao casamento da irmã?

- Sim mãe, já vou.

Ana acordara dum longo sono onde sonhara com guerra, paz, esperança sonhou com um mundo onde nunca é tarde para despertar o verdadeiro amor, com um mundo onde nem tudo tem uma explicação concreta, o caso de Serul organizar essa guerra era um desses. Mas no fundo Ana ainda nova sabia que no fundo é preciso viver para conhecer, é preciso viver para amar e que não podemos desistir nem fugir dos problemas nem arrependermo-nos dos nossos erros pois é com os erros que aprendemos, são eles que nos ensinam a viver.

Ana sabia que o casamento da sua irmã foi a base para o seu sonho, mas ao mesmo tempo sabia que não era o final do sonho o futuro, pois esse sonho fez com que ela abrisse as portas da vida e aproveita-se tudo aquilo que ela oferece. Ela, é sim a pequena lagarta que está prestes a transformar-se numa linda borboleta, uma borboleta amarela.

 

FIM

Sem comentários:

Enviar um comentário