Joana subiu as escadas, e entrou no quarto de Diogo.
- Joana! – gritou ele surpreendido. – O que fazes aqui?
- Não sei. Lembrei-me de vir até aqui. Vamos ver um filme.
Os dois amigos ficaram ali deitados na cama de Diogo a ver o filme. Quando ele terminou, Joana já dormia. Diogo puxou os lençóis e cobriu-a, depois deitou-se ao ado dela e fez o mesmo com ele. No dia seguinte quando acordou, Joana já não lá estava.
Vemo-nos mais tarde.
Joana
Diogo leu o bilhete, e depois preparou-se para mais um dia de escola. Á noite quando já estava em casa, Joana passou lá outra vez, e a história voltou a repetir-se. Esta rotina durou cerca de dez anos, até que uma noite tudo mudou. Quando acabaram de ver o filme, Joana não adormecera.
- Parece estranho não achas?
- Como assim? – perguntou Diogo.
- Nós. As hormonas começam a tomar conta de nós, controlam os nossos impulsos, as nossas e emoções e principalmente as nossas decisões. É estranho estar aqui deitada, ao lado do meu melhor amigo.
- Tens receio que aconteça alguma coisa?
- Porque haveria de ter? Afinal somos amigos.
- E humanos também. – acrescentou Diogo. – Não somos exceção à nossa natureza. Temos sentimentos também.
Sentimentos… talvez. – pensou Joana.
A partir dessa noite, Joana voltou para casa sempre que terminava o filme. As sessões de cinema com Diogo acabavam mais cedo e cada um acabava por passar a noite na sua própria casa.
- Joana, posso fazer-te uma pergunta?
- à vontade.
- Porque deixas-te de aqui dormir?
-Por nada…de…especial… - disse ela a gaguejar.
- Tens medo que surja algo entre nós?
O que mais pode surgir? – pensou ela.
- Joana?
- Desculpa. Estava distraída.
- Ou com a cabeça longe daqui…
- Deixa de ser parvo.
- Define alma gémea.
- Alma gémea?
- Sim.
- Uma alma gémea, é aquela pessoa que está sempre connosco. Que nos conhece pelas nossas expressões, pelo nosso sorriso, pelo nosso olhar. É aquela pessoa que amamos, como se fosse um grande melhor amigo. Não tem explicação, cada pessoa tem os seus atributos que podem fazer dela a alma gémea de alguém.
Diogo continuou a fitar Joana.
- E tu, quem é a tua alma gémea? – perguntou ele aproximando o seu rosto ao dela.
- Não sei… - disse ela em suspiro. – Ajuda-me a descobrir.
Proferidas tal palavras, Joana levou os seus lábios ao encontro dos lábios de Diogo. Os dois amigos beijaram-se.
- És tu. – disse ela numa pausa, e continuaram o beijo.
Joana sempre fora apaixonada por Diogo desde menina. Com o crescimento, começou a ter medo das descobertas que iam acontecendo consigo, com o seu corpo e a sua alma e decidiu guardar esse sentimento para si. Deixou de frequentar tanto a casa de Diogo, pois teve medo de uma recaída agora que não conseguia controlar as emoções da sua adolescência. Estas duas almas gémeas sempre estiveram ao lado uma da outra, na amizade, na compreensão na ajuda. Nem sempre duas almas gémeas se unem só pela força da paixão e do desejo. Mutas vezes, uma amizade, uma grande amizade é capaz de criar duas almas gémeas. O amor é o laço que une essas almas, para a eternidade.
FIM
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