quarta-feira, 26 de setembro de 2012

ESTREIA: Amigos para a Vida–Capítulo I

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Capítulo I – A Mudança

Carlos é um eterno sonhador. O seu sonho é ser um grande jogador de futebol e ser conhecido internacionalmente. Carlos tem 16 anos e enfrenta agora o seu último ano no liceu. A ambição é uma das suas muitas qualidades, nunca perde as esperanças de alcançar os seus objectivos. A vila onde ele mora não é a localidade mais propícia para ele realizar os seus sonhos, daí que quando acabar o liceu, Carlos pretende ir estudar para uma faculdade de desporto no estrangeiro.

Hoje é segunda-feira, Carlos acabou de chegar á escola e cruza-se com a sua melhor amiga Cristina. Desde que se lembra, Cristina esteve sempre presente na sua vida. Entre estes dois amigos não há segredos, apenas uma grande cumplicidade e uma profunda amizade baseada na confiança que têm um com o outro. Carlos conhece todas as expressões de Cristina, se está triste ou se está feliz, e o mesmo acontece com Cristina a ele.

- Olá. – disse ele.

- Olá, Carlos. Não estás atrasado para a aula de Biologia? – perguntou ela.

- Sim, por acaso…até estou! – disse ele, e desatou a correr pelo corredor.

- Que idiota. – disse Cristina baixinho a sorrir.

Carlos chegou á aula de Biologia e já todos estavam sentados.

- Posso professor?

- Atrasado como sempre. Entra lá. – respondeu o professor.

Apenas um lugar restava para Carlos, lá no fundo da sala. Mas quem é aquela rapariga que está ao lado da cadeira vazia? – Questionava-se ele. Ana é uma rapariga de face rosada, cabelo loiro e olhos azuis. Carlos dirige-se ao seu lugar e senta-se. A aula ia a meio, mas Carlos não aguentou, esticou-se para o lado e perguntou:

- Quem és tu?

- Ana Morgado. – disse ela, muito baixinho. – Sou nova aqui.

- A sério? E vais ficar cá muito tempo?

- Sim, acho que sim. – respondeu a rapariga.

- E onde…

- Já chega. Quero ouvir o professor. – disse ela irritada.

- Ok. Como queiras. Desculpa. – e afastou-se para a sua cadeira.

Ao fim da tarde, Carlos vinha para casa a pé, e ao entrar no seu portão reparou que na casa da frente estava lá Ana. Na casa onde vivia uma velha muito mal encarada, estava também Ana, seriam vizinhos? Ele não queria acreditar. Carlos atravessou a estrada e chamou por ela.

-Ana! Ana! – chamou ele.

- Carlos? – respondeu ela. – O que fazes aqui?

- Eu… moro ali. – disse ele apontando para a sua casa.

- A sério? Que bom, vamos ser bons vizinhos. Estou a morar com a minha avó, a dona Teresa.

- Ela é tua avó? Não sabia. – disse Carlos entusiasmado.

- Sim. E desculpa, por aquilo na aula de Biologia, mas preciso de estar atenta, pois quero muito entrar na faculdade.

- Não tem importância, afinal eu é que te incomodei. – disse Carlos.

- Queres vir comer alguma coisa? A minha avó está a fazer biscoitos. – perguntou Ana.

- Não sei se ela iria gostar de me ver na casa dela. Três vidros partidos, dois vasos, uma caixa de correio amassada, ela ainda não me vê com bons olhos.

- Não te preocupes. Vamos.

Ana e Carlos entraram na casa e foram até á cozinha.

- Avó está aqui o meu amigo Carlos.

- Carlos? Não é o vizinho da frente, pois não? - disse a avó ainda na cozinha.

Quando chegou á sala ela olhou para Carlos e fez uma expressão muito feia na cara, mas não disse nada. Colocou um prato de biscoitos na mesa e saiu.

Depois de uma longa conversa, Carlos despediu-se de Ana e foi para casa. Já era noite. Não podia acreditar. A rapariga de olhos azuis que conheceu na escola é sua vizinha! E acabar de passar uma tarde com ela!

Ao entrar no quarto, Carlos encontra Cristina.

- O que se passa contigo? – perguntou Cristina. Nunca te atrasas-te para a nossa partida de futebol, nem quando estás doente faltas!

- Nada, não é nada. – respondeu Carlos.

- Como queiras então. Vou para casa, já é tarde. – disse Cristina, e dirigiu-se para a porta.

- E o futebol? – perguntou ele.

- Perdi o apetite. Pede á vizinha que ela joga contigo. – disse Cristina e bateu a porta do quarto.

- Como sabes da Ana? – gritou ele, mas ela não respondeu, já ia longe.

Carlos não dormiu nessa noite a pensar na rapariga de olhos azuis, desde que a conheceu na aula de Biologia, à conversa na casa da avó dela, para ele todos esses momentos são como ouro, preciosos.

Quando a manhã chegou Carlos adormecera, e ficou todo o dia a sonhar com Ana.

Nos seus sonhos, não havia nada para além de uma praia, ele e Ana. Era uma criação perfeita do seu ideal, mas embora lá estivesse a rapariga, Carlos não se sentia realizado, faltava alguma coisa mais preciosa para ele do que a rapariga.

Porém nesse momento apenas lá estava a rapariga, era ela a única coisa que mexia na cabeça de Carlos. Ao longo do sono foram várias as viagens de Carlos a Ana, ora na praia, num concerto ou num jardim. A felicidade idealizada de Carlos era grande, mas de repente, como num flash, Carlos percebeu que não bastava a rapariga para ser totalmente feliz. Aquilo que sentia pela rapariga era paixão e desejo. Futebol era a realização de Carlos. Embora Ana acompanha-se Carlos durante todo o sono, era o futebol aquele pedacinho que o podia completar.

 

continua…

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