quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Amigos para a VIDA – Capítulo 2

Capítulo I

Capítulo II – O BeijoCOVER

Quando acordou já passava do meio-dia. Não valia a pena ir para a escola, estava quase na hora de acabar as suas aulas. Levantou-se, trocou de roupa e esperou junto á berma da estrada por Ana, que deveria estar a chegar da escola.

Ana estava a chegar a casa, mas não vinha sozinha. João o melhor amigo de Carlos vinha com ela. João era como o irmão gémeo de Carlos, não tinham a cumplicidade que Carlos tinha com Cristina, mas eram amigos inseparáveis.

- João? O que fazes aqui? – perguntou Carlos.

- Já conheces a Ana? Conhecia hoje na escola.

- Sim nós já nos conhecemos. – interveio ela. – O Carlos está na turma onde fui inserida.

- Então Carlos, não dizes nada? – perguntou João.

- Não, não tenho nada a dizer. Mas porque vinham a rir? – perguntou ele a João.

- A Ana vinha a contar-me a sua grande história, que a trouxe aqui á nossa pequena vila. Ela é demais, muito parecida comigo, em experiência de vida e tudo!

- A sério? E como por exemplo?

- Má relação com os pais, abandonados, sonhos destruídos, somos semelhantes em todos estes aspectos.

- Não me contas-te nada disso ontem, Ana.

- Desculpa, não pensei que gostarias de saber estas tristes escolhas que fiz no passado.

- Não é qualquer rapariga que se orgulha de fazer um aborto aos 15 anos.

- Desculpa, não precisas de contar nada.

- Pois mas agora eu conto! – disse ela.

- Não, aqui não. – disse Carlos. – Entra e conversámos lá dentro. Vens João?

- Não, eu vou para o meu refúgio, para casa do meu irmão. Os meus pais voltaram a discutir ontem. Prefiro não aparecer em casa durante uns dias. Até amanhã.

Carlos e Ana entraram e foram para a sala. Ana contou todo o seu passado a Carlos, os seus problemas com os pais que a levaram a entrar no mundo da droga, do álcool e o aborto que fez antes de vir para a vila.

- Não quero que penses que isso pode ser o fim do mundo. Agora tens a tua avó, uma oportunidade de voltar a viver e corrigir os teu erros, amigos que estarão aqui para te apoiar, nunca voltes atrás.

- Já perdi a vontade de viver, por mim podia mesmo acabar o mundo, não há remédio que me faça esquecer o passado.

- Mas há remédio que o faça compreender e lutar contra ele. O amor, a confiança e a amizade.

Pelo rosto de Ana, escorriam lágrimas de tristeza. Carlos com a sua mão limpou as lágrimas e aproximou-se dela. Os seus olhares cruzaram-se, como se suplicassem um ao outro. Os lábios cruzaram-se e nasceu ali uma sensação de alívio no coração de Ana. Todo o mal acabara de desaparecer, a tristeza transformava-se agora em felicidade. O coração de Ana estava mais leve, e agora disposto a abrir-se para um verdadeiro amor.

Quem não gostou do beijo foi Cristina. Cristina estava a chegar a casa de Carlos quando viu pela janela Ana a chorar, Carlos a falar com ela e depois o beijo.

Nesse momento ela descobriu o que era aquele sentimento que estava no seu coração fechado que ela não compreendia. Cristina sentia o seu coração desmoronar-se ao ver Carlos beijar Ana. Mais do que uma forte amizade, o que ligava Carlos a Cristina era amor, amor esse que ela acabara de descobrir sentir por ele.

Cristina virou costas limpou o rosto e correu para sua casa.

O beijo entre Carlos e Ana dera origem a uma nova relação. Carlos vivia agora a sua primeira relação com a nova rapariga da cidade, a rapariga de olhos azuis.

Durante toda a semana, Cristina manteve-se afastada de Carlos. Quando se cruzavam na escola ela limitava-se a correr sempre que ela dizia alguma coisa. Carlos passava todo o dia com Ana, nas aulas nos tempos livres ela era quem o acompanhava sempre, ocupando o lugar de Cristina.

Cristina fazia-se acompanhar por João. Ele agora era o seu apoio, o seu acompanhante nas aulas. Sempre que acabavam as aulas, Carlos e Ana iam passear, e Cristina e João, sentindo-se abandonados pelo amigo, passavam mais tempo juntos, estudavam, conversavam, iam até um bar ou ao cinema.

- Andas muito triste ultimamente. O que se passa contigo? – perguntou Carlos.

- Nada, problemas com a escola, testes e isso. – respondeu Cristina.

- A sério?

- sim, nada mais.

- Então vens comigo. Quero te ver animada nem que seja apenas por uma noite.

João e Cristina foram a um bar ali da zona, a barba de João fez a empregada pensar que eles eram maiores de idade e serviu-lhes duas bebidas. Depois de várias doses repetidas, Cristina já mal se aguentava em pé, mas João fez questão de manter-se sóbrio, pois sabia que a timidez de Cristina impedia-a de ser corajosa e partilhar os seus problemas com os amigos.

- Sabes, eu no outro dia vi o Carlos e a Ana aos beijos. Só me apetece bater naquela loira horrorosa, odeio-a.

- Não, tu não a odeias.

- Odeio sim! Ela roubou-me o Carlos! Tu não entendes nunca entendes-te nada. Não sabes o que eu sinto. Eu amo-o. – dizia ela gritando.

Carlos ficou perplexo com o que acabara de ouvir. Cristina acabar de assumir o seu amor por Carlos.

- Já bebeste demais. Vamos embora. – disse João.

João pegou nela pelo ombro e levou-a até casa. Já descobrira o problema de Cristina, mas não estava nada confortado com o que acabar de descobrir. Não sabia explicar, mas era um desconforto que ele sentia no coração.

No dia seguinte João dirigiu-se a casa de Carlos e contou-lhe o que se passara na noite passada, mas não lhe disse o que Cristina confessara.

- Ela está com problemas. Sente a tua falta, acho que devias falar com ela.

- Mas ela nunca teve problemas com a escola, é uma das melhores alunas do liceu.

- Devias falar com ela. Hoje não. Talvez amanhã.

- Eu depois passo em casa dela.

João aproveitou a companhia e foi com Carlos e Ana para a escola. Cristina ficou em casa, a dormir e a descansar da noite anterior. O romance de Ana e Carlos parecia acabado de sair da televisão, de um filme de príncipes e princesas. Nada podia abalar aquele relacionamento.

Chegou o dia de Carlos ir a casa de Cristina. Ela bateu á porta, mas ninguém veio abrir. Como grande amigo de Cristina ele conhecia todos os segredos dela, e como entrar na casa dela. Foi ao terceiro vaso que estava no jardim e retirou de lá uma chave, a chave da porta das traseiras da casa. Ele entrou na casa da amiga, mas ela não estava lá, estava a casa vazia. Ele subiu até ao quarto e sentou-se na cama á espera da amiga. Em cima da cama de Cristina encontrava-se um baú de madeira.

Carlos pegou no baú, abriu-o e começou a ver os papéis e fotografias que lá estavam. Cartas do pai de Cristina que estava na guerra, fotografias da sua infância com Carlos, outras com João também, recortes de jornais, onde se liam informações sobre militares desaparecidos na guerra. Carlos continuou a tirar mais papéis e fotografias do baú e ao mesmo tempo que as via recordava os tempos passados com Cristina, e como agora se sentia tão afastado dela. Mas tinha um motivo, Ana.

 

continua…

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