terça-feira, 7 de agosto de 2012

Confiança – Folhas Soltas

 

Confiança

 

1.2 Confiança

O medo que Catarina sentia era tal, que ela decidiu espreitar o que lhe reservava o futuro. Catarina foi até a uma vidente que se encontrava na praça da sua vila, entrou na tenda e disse:

- Vidente por favor, diga-me o que me reserva o meu futuro.

A vidente não disse nada. Continuou e fitar a bola de cristal e só depois pôs os seus olhos em Catarina.

- Estenda a mão.

Catarina assim o fez. A vidente segurou com a mão esquerda a mão de Catarina, e passou sobre ela a direita.

- Você já sabe o que lhe reserva o futuro. Não tenho mais nada a dizer.

- Não, isso não é verdade. – protestava Catarina. – Eu não sei o que me reserva o futuro.

- Sabe sim.

- Não sei. – insistiu ela.

- Se não sabe, porque entrou aqui? Se entrou é porque tem receio de alguma coisa que pudesse acontecer, alguma coisa que você sabe que pode acontecer, e ao entrar aqui veio confirmar isso.

Catarina não argumentou e saiu. Caminhou por um bocado de tempo e depois parou junto a um lago. Sentou-se na beira do lago e ficou ali a ver o seu reflexo na água. As lágrimas escorriam pela sua face. Uns instantes depois, ela pegou no telemóvel e fez uma chamada.

- Carolina, por favor preciso falar contigo. Estou junto ao lago perto da minha casa. Vem cá ter. É importante.

Passaram-se dez minutos. Ao fim de dez minutos chegou Carolina. Ela quando chegou perto de Catarina cruzou os braços e ficou ali a olhar para ela, à espera que ela falasse.

- Desculpa amiga. Eu deveria ter confiado em ti. Desculpa-me.

- Eu sei que é difícil acreditar, mas nunca te diria aquilo se não fosse verdade. Ele anda a trair-te. O teu marido anda com outra.

- Não é fácil para mim aceitar isso, mas agora eu entendo. As flores, os presentes, os jantares, eram só para me iludir quando chegava tarde a casa. Como fui tão cega.

- Porque só agora é que acreditas-te em mim?

- A vidente confirmou o que disseste. Não diretamente claro, mas percebi logo pelo que ela disse. Você já sabe o que lhe reserva o futuro.

Mais tarde, Catarina apanhou o marido em flagrante com a amante. Os fatos confirmaram-se.

Por vezes, é preciso confiar no bem, mas o mais difícil é quando nem sequer desconfiamos do mal que está ainda mais perto de nós.

FIM

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