segunda-feira, 9 de julho de 2012

5. "Uma Loucura por Amor" de Nunca Te Direi Adeus–Cap. V



V – “ Uma loucura por amor”
 
Uma semana depois, toda a família de Leonor se encontrava de novo em sua casa para celebrar a passagem de ano. Nesta noite ela limitou-se a ficar no seu quarto, para fazer birra com a sua mãe. Beatriz já não aguentava as discussões que tivera com a filha ao longo da semana, não aguentava o facto de ela ser malcriada, e não ser obediente para com ela e Afonso.
- Agora que estamos aqui todos á mesa, tenho um assunto importante para falar com vocês. – disse Beatriz.
- A Leonor não anda bem, ela não respeita ninguém, não faz o que lhe mando e o pior é que foi no dia de Natal que começou a ficar assim. – acrescentou ela.
- Acham que é influências de amigos da escola ou qualquer coisa do género? – perguntou Afonso.
Um silêncio ocupou toda a sala e de seguida Cláudia, a irmã de Beatriz meteu-se à conversa:
- Ela passa muito tempo no computador?
- Sim, passa mas ela diz-me sempre que está a fazer trabalhos.
- E tu acreditas? Nunca tiveste interesse em ver esses trabalhos?
- Realmente, não mas também não sei mexer nisso.
- Acho que te posso ajudar… - acrescentou a irmã.
- Chama a Leonor para vir comer alguma coisa e enquanto isso vou aos registos do computador ver o que ela tem andado a fazer.
- Ok. Vamos lá. – disse Cláudia.
- Leonor anda comer qualquer coisita… - gritava Beatriz dirigindo-se ao quarto da filha.
- Já vou…
Não tardou enquanto Leonor chega-se à cozinha para petiscar um doce da consoada.
Enquanto isso a sua tia foi até ao seu quarto pegou no computador e descobriu tudo o que se passava, o caso amoroso com Pedro, os maus concelhos que este lhe dava e que ela usava contra os pais, e muitas mais coisas acerca da sobrinha. Estava tudo ali gravado como se fosse um diário.
- O que faz aqui tia?
- Nada nada…já estou de saída.
Surpreendida pela chegada da sobrinha ao quarto, Cláudia saiu sem largar mais nenhuma palavra. Leonor ficou o resto da noite no seu quarto, enquanto a família discutia o que Cláudia descobrira.
- Está decidido! – disse Beatriz.
- Ela então que aproveite bem esta noite, que vai ser a última. – disse outra tia de Leonor que ali estava.
A mágoa e a tristeza dominaram o resto da noite de passagem de ano. A chegada do novo ano nem foi sentida na casa de Beatriz e Afonso.
O primeiro dia de Janeiro foi benzido pela forte chuva que se alastrava na aldeia. Pelas dez horas da manhã já Leonor se encontrava na cozinha a tomar o pequeno-almoço e o seu pai aproveitou esse momento para a distrair enquanto Beatriz foi buscar o computador ao quarto de Leonor. O plano não correu como esperado, e no momento em que Beatriz saia do quarto da filha foi surpreendida por ela.
- Que pensa que está a fazer? – disse Leonor.
- Nada que te interesse, é só para teu bem!
- Deixe isso ai que é meu! Largue já!
Beatriz ignorou as palavras da filha e deslocou-se para o seu quarto. Leonor ainda tentou agarrar o computador, mas a sua mão parecia não ter agarrado o alvo certo. Numa segunda tentativa ao agarrar o computador, o mesmo cai no chão e faz um enorme estrondo. Um silêncio sentiu-se de seguida e de novo um outro som forte faz estremecer toda a casa.
- Pára, não sou nenhuma criança para me bateres! – disse Leonor.
- Também já não importa, o meu objectivo era ficares sem computador. Agora quando quiseres outro compras com o teu dinheiro.
Passaram-se duas semanas, e o clima naquela casa foi sempre assombroso como se vivessem num pântano.
Ao décimo sexto dia do mês de Janeiro Leonor recebe uma carta. Esta apresenta apenas o destinatário, e não o remetente. Ao abrir a carta ela reconhece as palavras do seu amado. Porém aquela carta era um pedido, um convite ou talvez uma ajuda para uma fuga. Sem perder mais um único minuto Leonor prepara a sua mala de viagem com quase todos os seus pertences pessoais, e esconde-a debaixo da cama até arranjar o mais importante para poder partir para Aveiro. Aproveitando o momento que os pais não estavam em casa Leonor desloca-se ao quarto do casal e procura em todo o lado o dinheiro das poupanças dos pais, e é quando encontra numa pequena gaveta uma caixa que continha no seu interior cerca de mil euros. Duas horas depois, com a mala pronta, o dinheiro na mão, só faltava agora partir em busca do seu príncipe. Não sabia se devia ou não deixar uma carta de despedida aos pais, mas por fim começou a escrever.
“Provavelmente no momento em que estão a ler a carta, já estarei muito longe. Parti em busca do meu verdadeiro amor, na única coisa que me faz viver e sentir-me bem. Perdi toda a consideração para convosco e para com o resto da família e não sou nenhuma criança para ter de estar em casa a obedecer às vossas ordens. Espero que não me procurem nem mandem ninguém o fazer. Despeço-me com uma grande tristeza por não me compreenderem.”
Leonor pousou a carta em cima da mesa da cozinha sentiu pela última vez a sensação de estar em casa, e bateu a porta em direção à paragem. Não tardou a partir no primeiro autocarro, e foi para Aveiro ter com Pedro.
Quando Beatriz e Afonso chegaram a casa deram de caras com a carta, e depois de a lerem só se ouvia os gritos de tristeza e raiva de Beatriz e os nervos de Afonso faziam-se notar à flor da pele.
Decidiram fazer o favor de não seguir a sua filha, pois sentiam que era altura de ela seguir o seu caminho, e tentar amparar-se sozinha se tiver uma queda.
 
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