quarta-feira, 4 de julho de 2012

3. “ Encontro e Reencontro” de Nunca Te Direi Adeus–Cap. III



III – “Encontro e Reencontro”
 
- Desculpa, mas aquela rapariga que estava ali agora mesmo, onde está? Acho que a conheço, mas não sei de onde.
Leonor não ouviu sequer o que ele dizia, apenas fitava os seus olhos azuis.
- Estás bem? – perguntou Filipe já preocupado.
- Estou bem. Estava só distraída.
- Vamos dar um passeio?
- Sim vamos, assim pode ser que encontre a Soraia, já que ela desapareceu.
Os dois foram passear pelos caminhos que se estendiam por entre as matas e jardins do local.
Quando já iam ambos de mão dada, encontraram Soraia a chorar por detrás de uma enorme rocha.
- Soraia estás bem? – Leonor aproximou-se e ajoelhou-se perante ela.
Soraia não respondeu, apenas limitou-se a agredi-la com uma leve chapada no seu rosto.
- Traidora, oportunista, falsa….
- Que se passa contigo? Porque é que fizeste isso? Estás louca?


- Tu aí, deves estar muito feliz com a tua nova namoradinha. – disse Soraia apontando para Filipe.
Este não lhe respondeu e limitou-se a virar a cara.
- Desapareçam os dois daqui….já!
- Quando estiveres melhor falámos. Não estou com paciência para birras infantis. - disse Leonor.
- Não temos nada que falar! Baza já daqui!
Leonor afastou-se, agarrou Filipe e caminhou pela mata, e levou-o até à berma da estrada mais próxima.
- Agora a conversa é contigo. De onde é que conheces a Soraia para ela falares assim contigo?
-Calma… vou-te explicar o que aconteceu entre mim e ela. Bom algum tempo atrás conheci uma rapariga no chat, e essa rapariga era a Soraia, nos falávamos muito, mas ela revelou-se uma pessoa oculta, fez-se passar por aquilo que não era. Nós marcamos um encontro, e não foi nada daquilo que esperava, pois ela nas fotos era uma linda rapariga, de olhos claros, e na realidade era completamente diferente, mentiu-me, fiquei magoado com ela, rejeitei-a por me ter mentido, a partir daí perdi todo o tipo de contacto que tinha com ela.
-Porque me estás a mentir Filipe? Sei perfeitamente que os encontros que ela marcava corriam todos mal, porque os rapazes, incluindo-te gozavam-na.
- É mentira, jamais teria coragem para fazer isso.
-Não, não te conheço… conhecia-te virtualmente, mas não conhecia a pessoa que eras verdadeiramente. E já agora porque está ela a sofrer tanto com o nosso encontro? Porque é que ela me agrediu? Porque fugiu ela quando nos viu juntos? Será que sente algo por ti? Diz-me Filipe, vamos responde-me, quero saber verdadeiramente aquilo que tu és.
Filipe não teve palavras para lhe responder, pois eram demasiadas perguntas ao mesmo tempo, e ao que se tinha passado, não conseguia digerir tudo de uma só vez, precisava de tempo para pensar e refletir… Simplesmente sabia que não convencera Leonor com a sua história.
Leonor sentia-se cada vez mais triste, e sozinha presa na solidão. Não pensava em nada, só no que se tivera passado naquela tarde, e numa questão de segundos desatou a correr como uma louca, pelo meio da floresta para que não fosse encontrada por ninguém e para que pode-se pensar e refletir sobre o que aconteceu.
No dia seguinte, quando no relógio davam nove horas, Leonor ainda fazia escorrer pelo seu rosto vastas lágrimas que caiam dos seus olhos. Cansada de estar deitada na sua cama, decidiu ir falar com Soraia, esclarecer tudo o que acontecera para que pudessem ser de novo amigas.
- Mãe posso ir a casa da Soraia?
- Ainda é muito cedo, Leonor primeiro come qualquer coisa e depois vais.
- Não tenho fome, por isso já vou. Até logo.
- Cuida-te filha, e vê se comes algo pelo caminho.
Leonor sentia-se fraca enquanto se dirigia a casa de Soraia, já não comia desde o último almoço e toda esta mágoa arrasou com ela.
Depois de tocar á campainha, Leonor fica surpreendida por ver Soraia a abrir a porta.
- Podemos falar?
- Não tenho nada para falar contigo, sai da minha casa!
Soraia tentava fechar a porta, quando Leonor pôs o seu pé entre a porta e a parede para o impedir.
- Por favor tenho mesmo que falar contigo. Não sabia que conhecias o Filipe! Já sei de tudo, eu deixei-o o pendurado porque ele mentiu-me a teu respeito!
- O que é que ele te disse a meu respeito?
- Vamos para um sítio mais calmo e eu conto-te tudo.
- Mãe vou sair e já venho.
- Não demores Soraia tens que tomar o pequeno-almoço.
Leonor e Soraia sentaram-se num banco mais afastado de toda a zona habitacional.
Ela contou tudo o que se passara com Filipe à amiga desde que se conheceram até à discussão do dia passado.
- Mas eu acredito em ti Soraia, ele gozou-te pelo teu aspecto físico e agora tenta desculpar-se e culpa-te a ti de seres falsa e cruel.
- Acreditas mesmo em mim?
- Sim acredito, eu não quero perder uma amiga como tu. O Filipe já passou, agora que venham outros.
Os últimos dias de férias foram não tão felizes como anos anteriores, mas pelo menos a amizade de Leonor e Soraia sobreviveu a toda esta história. Depois de se despedir da amiga, Soraia sentia-se estranha, amarga como se falta-se-lhe algo para ser feliz. Ao ver a sua amiga partir dos lábios de Soraia solta-se um raro sorriso, como se fosse preparar alguma.

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